segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jornadas Anticapitalistas

      Começam amanhã (dia 01 de março) e duram até ao próximo dia 8 de março, as Jornadas Anticapitalistas de Lisboa.

      Podes ver mais info em:
      http://jornadasanticapitalistas.wordpress.com/
      A seguir fica um extrato da manifestação de intenções destas jornadas:
      «Vivemos numa sociedade onde a política se tornou profissional e estes profissionais já não mais que gestores da crise do capitalismo.
      Vivemos numa sociedade do trabalho, onde para sermos considerados cidadãos de plano direito somos sujeitos a processos de seleção, que nos dão a escolher entre o recibo-verde, falso ou não, ou o desemprego, e no qual as mulheres são sempre as mais penalizadas.
      Vivemos numa sociedade onde, do nosso corpo à nossa vida, tudo se tornou mercadoria, descartável a qualquer momento.
      Vivemos numa sociedade onde o estado social administrador da crise dissolve, dia após dia, as suas últimas garantias sociais.
      Vivemos numa sociedade onde a nossa liberdade e autonomia apenas é reconhecida enquanto for rentável, estável e calculável.
      Vivemos numa sociedade onde a administração autoritária da crise se revela na promessa de mais vigilância, afirmando de forma paternalista ser para “nossa” segurança.
      Vivemos numa sociedade onde a legitimação dessa repressão é feita pelos discursos mediáticos cúmplices ou reféns da lógica do poder.
      Não queremos a economia, não queremos o Estado, não queremos a política.
      Não queremos esta merda.»


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Saber Viver

      «Se consegues viver uma tarde absolutamente inútil, de maneira absolutamente inútil, então sabes viver.»

      Lin Yutang (1895-1976)
      Novelista e filósofo chinês.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

100 Edições

      Já está disponível para ver ou baixar o último Boletim Operário e que é nada mais nada menos que o nº. 100, de ontem, 25 de fevereiro.

      Atenção: este boletim é semanal e conta, como se disse, com o redondo e grande número de 100 edições.
      Baixa esta centésima edição em: http://files.cepsait.webnode.com/200001112-11b7912b18/Boletim100.pdf e vê mais no sítio do Centro de Estudos e Pesquisas Sociais (CEPSAIT) na coluna dos “Sítios a Visitar”.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Delírio do Fascista

      Kadhafi voltou hoje a discursar ao povo líbio e disse que quem está por trás das manifestações do povo é, nada mais nada menos que, o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden e que este, através dos seus seguidores, cumprindo o seu malvado plano, têm drogado e dado álcool aos jovens líbios e é por isso que os jovens têm provocado tanta “destruição e sabotagem”.

      Kadhafi disse ainda que a organização terrorista está especialmente focada nos jovens com menos de 20 anos (considerados menores na Líbia e por isso com outra responsabilidade perante a lei), pelo que apelou aos pais destes jovens que mantenham os filhos em casa.
      Kadhafi minimizou ainda o seu papel no país, comparando-se à Rainha de Inglaterra e disse: «Este é o vosso país e depende de vocês o modo como lidam com isso. As pessoas não têm razões para se queixarem mais».


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Passeata Neonazi

      Milhares de manifestantes impediram no passado sábado (19 de fevereiro), em Dresden (Alemanha), uma passeata de neonazis, erguendo barricadas e envolvendo-se em confrontos com a polícia, que não conseguiu impor o direito de manifestação da extrema-direita, direito esse que foi reconhecido pelos tribunais alemães.

      Centenas de neonazis que planeavam manifestar-se na capital da Saxónia em memória das 25 mil vítimas dos ataques aéreos dos aliados de 13 e 14 de fevereiro de 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, acabaram por desistir da manifestação, e após conversações com a polícia, decidiram transferir a passeata para Leipzig, a mais de 110 quilómetros de distância.
      Antes da chegada a Leipzig do comboio que transportava os neonazis, a polícia teve de dispersar várias concentrações de manifestantes antifascistas que gritavam "fora com os nazis", “confrontaremos os novos e velhos nazis”, “no pasaran”.
      No ano passado, milhares de neonazis já tinham sido impedidos de desfilar em Dresden, em 13 de fevereiro, devido aos protestos de numerosos antifascistas.
      Este ano, a manifestação convocada pelo partido de extrema-direita NPD em Dresden atraiu apenas algumas centenas de neonazis, apesar de os tribunais terem autorizado o ato e determinado proteção policial contra as tentativas de bloqueio dos manifestantes antifascistas, igualmente anunciadas para Dresden.
      Milhares de antifascistas bloquearam durante várias horas as ruas em torno da estação ferroviária central de Dresden, para impedir o acesso dos neonazis ao local da concentração.
      A polícia tentou dispersar os antifascistas, utilizando cassetetes, canhões de água e gás lacrimogéneo, mas estes romperam o cordão policial, ergueram barricadas, danificaram automóveis, incendiaram contentores de lixo, apedrejaram o corpo de intervenção e lançaram foguetes contra os polícias.
      Cerca de 200 manifestantes antifascistas foram detidos, sob a acusação de ataques corporais e desobediência à autoridade.
      Antes dos confrontos, mais de 20 mil pessoas participaram em vigílias e protestos pacíficos contra a presença de neonazis na capital da Saxónia.
      Mais info, vídeos e fotos em:
      http://de.indymedia.org/


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ação Direta na Grécia

      No passado dia 12 de fevereiro, em Atenas, companheiros anarquistas atacaram quatro filiais dos supermercados DIA% (Distribuidora Internacional de Alimentos, Sa.; em Portugal conhecidos como MiniPreço), em Agios Eleftherios, Petralona, Patisia e Kipseli, como resposta à ação discriminatória ocorrida numa loja que proibiu a entrada a imigrantes e que só, após acesa "discussão" puderam entrar mas apenas um de cada vez.

      As lojas foram alvejadas com pedras e bombas de tinta, enquanto eram distribuídos folhetos aos transeuntes explicando a ação.
      Mais info e fotos em:
  https://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1260596 


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Desespero de Kadhafi

      Ahmed Elgazir, um ativista de direitos humanos do Libyan News Centre, disse há momentos à estação de televisão do Qatar, Al Jazira, que as forças de segurança líbias estão “a massacrar” os manifestantes em Trípoli, no oitavo dia de protestos na Líbia que já causaram a morte de pelo menos 230 pessoas, segundo a Human Rights Watch.

      Ahmed Elgazir garantiu à Al Jazira que recebeu um telefonema de uma mulher a relatar um massacre sobre os manifestantes, mas o facto das comunicações terem sido cortadas impediu a confirmação imediata dessa informação. Outra testemunha, Adel Mohamed Saleh, que se identificou como ativista político, relatou também uma forte repressão das autoridades: “O que estamos a viver hoje é inimaginável; aviões e helicópteros estão a bombardear indiscriminadamente uma área e outra. Há muitos, muitos mortos.”
      “Isto parece ser um último ato desesperado”, considerou Julien Barnes-Dacey, analista da organização Control Risks Middle East, referindo-se ao regime de Khadafi, “Se estão a bombardear a própria capital, é difícil ver como poderão sobreviver.”
      Ainda hoje o parlamento líbio ardia e desde ontem que se ouvem disparos, não só de armas ligeiras como também de armamento pesado. Muitos dos responsáveis governamentais líbios estão a demitir-se.
      “Lutaremos até ao último homem e até à última mulher”, diz Saif.
      O povo árabe é agora uma espécie de fenómeno atmosférico; uma súbita tempestade que vai limpando os ditadores há muito instalados, o Kadhafi há mais de 40 anos.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Teu Caminho

      "Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu.

      Existem, por certo, atalhos e pontes e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
      Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!"

      Friedrich Nietzsche, (1844-1900)
      in “Assim Falou Zaratustra”



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Repressão Policial em SP

      A seguir se reproduz (sintetizado e adaptado), o artigo escrito por Sassa Tupinambá no blogue “União Campo Cidade e Floresta”.

      Para ver o artigo completo ou o blogue, usa a ligação permanente na coluna dos Sítios a Visitar aí inserido sob a designação de “União Campo Cidade”.
      «No 6º Ato Contra o Aumento da Tarifa do Transporte Coletivo em São Paulo, não foram só a truculência e estupidez das polícias (PM e GCM) que me chocaram, para além de tudo isso, fiquei impressionado com o aparato tecnológico que as polícias de São Paulo possuem: comunicação e registos, lançadores de bombas, spray pimenta (PM usa um tipo e GCM outro), munição de borracha, que faz estrago onde acerta, etc.
      A polícia está equipada para reprimir as manifestações populares, que muito provavelmente se irão intensificar no próximo período, pois a paciência do povo está se esgotando e não será mais possível manter a passividade.
      Durante toda a manifestação, houve polícias que filmaram e fotografaram os manifestantes, o tenente coronel da PM que comandou a ação policial acompanhava a manifestação de vários ângulos simultaneamente por um monitor e um soldado fazia leitura labial, havia inclusive imagens aéreas, enviadas por um helicóptero da PM, duas câmaras deram conta das imagens mais próximas, uma fixa, no teto de uma viatura do corpo de bombeiros e a outra num link móvel, este equipamento era levado numa mochila por um soldado, que se posicionava em pontos estratégicos para filmar a manifestação.
      Havia ainda, espalhados entre os manifestantes polícias infiltrados (os “P2” vê suas fotos em http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/02/486659.shtml), um deles veio falar comigo, perguntando o que estava acontecendo, respondi que não sabia, ele perguntou se havia ainda pessoas acorrentadas dentro da prefeitura e se eu conhecia algum deles, ele disse que estava no início, quando as pessoas entraram e depois saiu (mentira, pois os militantes entraram bem antes da manifestação).
      Vendo a polícia com agentes secretos, fotografando e filmando toda a manifestação lembrei-me do dia que estávamos no AIR e chegou a força policial do DF para reprimir os indígenas e o pajé Kaxalpinia saiu gritando “a ditadura militar continua”, ontem tive a mesma impressão que o parente korubo, é assustador.
      No momento que os PMs iniciaram a agressão contra o Vinicius, todos da GCM que estavam atrás das grades de proteção saíram na sua direção e, conjuntamente com a PM, espancaram, literalmente, o companheiro, resultando em muitos hematomas e nariz quebrado, com hemorragia que não estancava. O local ficou lavado de sangue e quando levaram o Vinicius para um canto, já estava com o rosto inchado. Ele ficou sentado durante muito tempo, acredito que bem mais de uma hora, sem atendimento de primeiros socorros, sentindo as dores provocadas pelos ferimentos da violência.
      O Vinicius é meu colega de trabalho, participamos em reuniões juntos e no momento não o reconheci de tão inchado que estava.»
      Mais fotos em: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/02/486579.shtml

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Clamor da Liberdade

      Os protestos no mundo árabe não param. O povo clama por liberdade. Os média não param de noticiar inúmeros mortos e feridos em confrontos com as polícias mas, ainda assim, o povo oprimido luta contra o opressor, bem sabendo que corre sério risco de vida.

      O sangue corre na rua de muitos países. A seguir estão alguns exemplos.
      No Iémen, dois manifestantes morreram e 27 ficaram feridos numa concentração anti-governamental.
      Na Jordânia há notícia de pelo menos oito feridos. Os manifestantes, que reivindicavam reformas políticas, foram alvo de um ataque por parte de um grupo de apoiantes do Governo.
      Em Omã, perto de três centenas de pessoas manifestaram-se no centro de Mascate, a capital de Omã, de forma pacífica, reivindicando aumentos salariais e reformas políticas. Este é o segundo protesto de carácter político e social realizado naquele país no espaço de um mês. Os participantes do desfile, incluindo mulheres, percorreram a avenida central da capital, onde estão concentrados os edifícios ministeriais, exibindo vários cartazes, onde se podiam ler frases de ordem como "Fim ao aumento dos preços!", "Aumentos dos salários!", "Queremos reformas!". Em simultâneo havia outros manifestantes com pequenas bandeiras com frases de apoio ao sultão Qaboos bin Said, de 70 anos de idade e cuja fortuna está avaliada em 556 milhões de euros. "Somos fiéis a Qaboos" era a frase escrita nas bandeirolas.
      Em Djibuti, vários milhares de pessoas manifestaram-se na capital a pedir a demissão do Presidente Ismael Omar Guelleh. O protesto foi pacífico e não se registaram quaisquer incidentes. O Djibuti é um pequeno país do Leste de África com 600 mil habitantes, estando o seu presidente no poder desde 1999 e acaba de alterar a constituição do país para poder recandidatar-se uma vez mais.
      No Bahrain a família real desafiando a crítica internacional, ordenou ao exército que disparasse contra os manifestantes e estes, posicionados num arranha-céus junto à rotunda Pearl (um marco na capital do país, Manama, que se tornou ponto de concentração), abriram fogo sobre os manifestantes. Os manifestantes tiveram que fugir mas alguns, recusando-se a fugir, puseram as mãos no ar gritando «Paz! Paz!».
      Na Líbia, os três dias protestos contabilizam 84 mortos, de acordo com dados da Human Rights Watch. O principal centro das manifestações contra o líder líbio, Muammar Khadafi, foi a segunda maior cidade do país, Benghazi. Khadafi está no poder desde 1969, isto é, há 42 anos. O canal de televisão público advertiu os manifestantes e críticos de Khadafi para retaliações. A internet e a electricidade foram cortadas em algumas áreas do país depois de começarem as manifestações. A polícia abriu fogo contra os manifestantes. O jornal que é órgão oficial do regime (Azahf Al Akhdar) publicava afirmações como esta: «A resposta do povo e das forças revolucionárias a estes grupinhos será violenta e fulminante. Todos os que pensam ultrapassar as linhas de poder, brincam com o fogo e correm o risco de suicídio».
      No Irão, durante o funeral de uma estudante morta na passada segunda-feira, durante uma demonstração de apoio para com a Tunísia e Egito, houve confrontos entre manifestantes anti e pró governo. Sanea Jaleh, de 26 anos, é uma das duas vítimas dos protestos de segunda-feira em Teerão, quando milhares de membros da oposição iraniana saíram à rua pela primeira vez em mais de um ano. Tanto o grupo pró-governo como os opositores reclamam a jovem vítima como um dos seus apoiantes. O funeral começou na Universidade de Teerão, que fica no centro da capital, tendo a polícia bloqueado todas as ruas que iam dar à universidade, dando apenas passagem aos apoiantes do governo.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Le Combat Social

      Por esta altura, no ano de 1910, saía em Bruxelas o jornal "Le Combat Social", órgão da “Fédération Révolutionnaire”.

      Deste jornal saíram apenas três números.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Anarkio Informa Monata Bulteno Februaro

      O boletim informativo mensal escrito em Esperanto “Anarkio” está disponível para descer em ficheiro “pdf”, o seu último número, o sexto, relativo a este mês de fevereiro de 2011.

      Baixa na seguinte ligação:
      http://cob-ait.net/pdf/anarkio_006.pdf
      ou na ligação permanente da coluna dos “Sítios a Visitar” sob a designação de “Anarkio”, aí também podendo aceder aos números anteriores.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Infiltrado

      No blogue http://southwalesanarchists.wordpress.com/ pode ler-se o artigo intitulado “They come at us because we are strong” que a seguir, livremente e em síntese se traduz.

      «Durante quatro anos, um polícia à paisana que conhecíamos como "Marco" infiltrou-se na Rede Anarquista Cardiff (Cardiff Anarchist Network - CAN) e durante esse tempo, acreditamos que tinha uma série de objetivos: recolha de informações e interrupção das atividades da CAN; a utilização da reputação e da confiança adquirida com a CAN para infiltrar-se em outros grupos, incluindo uma rede europeia de ativistas e parar o funcionamento coerente da CAN.
      Em 2009 as suspeitas eram já volumosas mas Marco tinha cuidado e mantinha de forma muito eficaz as relações e a confiança dentro do grupo, de tal forma que as nossas suspeitas não foram devidamente partilhadas e expressas.
      No Outono de 2009, organizou um jantar de "despedida" para o grupo e anunciou que estava indo para um trabalho em Corfu, na Grécia. Depois da sua saída, chegaram mensagens suas e postais por algumas semanas, mas logo cessaram, sem explicação alguma. O seu número de telefone móvel britânico não foi mais localizado e o número do telefone grego que estava utilizando foi restringido; as chamadas e as mensagens nunca foram entregues. As suas páginas em redes sociais pararam de ser atualizadas.
      As suspeitas cristalizaram-se, mas ele já havia desaparecido.
      As pessoas associadas com a CAN e outros grupos que fizeram parte em Cardiff, como “No Borders” e “Gwent Anarchists”, tentaram divulgar nos círculos de ativistas que o homem que era conhecido como “Marco” era um polícia disfarçado. Porém, sem uma prova definitiva, advertiram-nos a não fazer acusações infundadas.
      No mês passado surgiram notícias sobre Mark Kennedy e Watson Lynn, outros dois polícias infiltrados descobertos, parecendo uma oportunidade para estabelecer a verdade. Seguindo o nosso exemplo, em 14 de janeiro de 2011, o The Guardian obteve a confirmação de que ele era um polícia no ativo. Não sabemos exatamente como isso foi feito, mas acreditamos que a confirmação veio diretamente da ACPO, a Associação dos Delegados de Polícia.
      Não estávamos confortáveis confiando nos meios de comunicação desta forma, mas todas as nossas tentativas anteriores de estabelecer com sucesso quem ele era havia terminado em nada.
      Marco trabalhou em nós (não conosco) por quatro anos. Desenvolveu fortes relações pessoais e alguns de nós sentimos uma enorme traição pessoal. Mas também se propôs, deliberada e sistematicamente, a prejudicar o movimento, e acreditamos que é importante que se saiba do que fez e como o fez e que isso seja partilhado e discutido o mais amplamente possível.
      Possivelmente, uma das coisas mais prejudiciais que fez foi usar as credenciais da CAN para se infiltrar na Rede de Dissidência contra o G8 na Europa. A CAN tem participado ativamente da Rede e no planeamento de bloqueios em massa no G8 em Stirling, em 2005, e alguns membros da CAN estavam dispostos a contribuir para uma rede europeia mais ampla. No entanto, CAN era um grupo pequeno, e muito poucos de nós têm tempo e dinheiro para viajar para as reuniões internacionais. Marco, é claro, tinha dinheiro e tempo. Foi fácil para ele dar um passo adiante e participar. É provável que as suas atividades tenham prejudicado seriamente a organização do protesto contra o G8 na Alemanha, em 2007.
      Como Mark Kennedy, Marco também sabotou a ação direta ambientalista. Em 2007, após conseguir ser incluído no processo de planeamento de uma ação contra o terminal de oleoduto LNG (Gás Natural Liquefeito), em Milford Haven, a oeste no País de Gales, teve a oportunidade de passar informações para a polícia local, que resultou na detenção de vários ativistas. Todos os processos penais caíram na última instância, mas não antes que a polícia houvesse invadido as casas, até mesmo a de Marcos, onde obtiveram os computadores, no que parece ter sido uma entrega de "pesca massiva".
      No entanto, Marco passou a maior parte do seu tempo infiltrando-se em todas as atividades normais de um grupo político (reuniões, exibições de filmes, encontros e eventos destinados a provocar discussão e o debate sobre a política radical).
      Acreditamos que pelo menos em um caso (a projeção de um filme dos direitos dos animais com uma conversa de acompanhamento) organizou um evento apenas para recolher informações sobre as pessoas que assistiriam. Ele também estava interessado em participar em projetos em que havia cooperação de outros grupos, como a campanha contra a privatização da formação militar e na construção de uma nova academia de defesa da RAF em St Athan.
      Olhando para trás, agora, podemos ver que ele foi cuidadoso, mas sempre prejudicial. Apesar de sua clara capacidade, sempre que algo – contatos de construção, promoção, transporte – dependiam inteiramente dele, acabava em nada.
      Danificar a estrutura da CAN foi sem dúvida um objetivo fundamental. Ele mudou a cultura da organização, promovendo uma grande quantidade de bebida, fofocas e traições, e banalizado e criticando qualquer tentativa por parte de qualquer pessoa do grupo para atingir os objetivos. Era evidente o seu objetivo de separar e isolar certas pessoas no grupo, subtilmente exagerando as diferenças políticas e pessoais, contando mentiras para os dois "lados", para criar desconfiança e animosidade.
      Nos quatro anos que esteve em Cardiff, um grupo forte, coeso e ativo quase se desintegrou. Marco foi embora, após as reuniões anarquistas na cidade terem deixado de acontecer.
      Lendo isto, dirás por que diabo demorou tanto tempo para descobri-lo, e porque não fomos mais céticos e menos confiantes? Marco obviamente não tinha a vida exposta fora do ativismo. Nunca conhecemos a sua família ou colegas que supostamente partilhavam a sua paixão pela música rock, embora às vezes dissesse ir a espetáculos fora da cidade. Disse-nos que não tinha mulher nem filhos, que a sua casa era bastante espartana e o seu trabalho como motorista de camião também permitiu uma desculpa para se ausentar-se por longos períodos, sem levantar suspeitas.
      Além disso, apesar do desejo expresso de estar "onde estava a ação", foi muito relutante em sujar as mãos, sendo uma parte ativa na ação direta ou no confronto com a polícia.
      Todas essas coisas juntas deveriam ter sido suficiente para pelo menos fazermos perguntas. Talvez tenhamos sido um pouco ingénuos, especialmente considerando que não éramos suficientemente importantes para sermos infiltrados. E o homem que conhecíamos como Marco foi muito bom em desviar suspeitas. Era agradável, um apoio pessoal, divertido e muito útil para ter por perto.
      Foi, como Mark Kennedy, um condutor. Levou algum tempo escrevendo, editando e distribuindo boletins informativos, fez banners e foi às reuniões chatas para não incomodar ninguém a ir. Foi capaz de explorar as vulnerabilidades das pessoas, aproximando-se delas, para que não se sentissem isoladas e excluídas. Foi um grande manipulador.
      Todos que se relacionaram com Mark Jacobs estão sofrendo com ressentimento, raiva e culpa. A Nossa incapacidade de ver através de sua farsa tem causado grandes danos às pessoas, tanto aqui em Cardiff como em toda a Europa. Estamos conscientes de que Marco não foi o único polícia atuando, e que a culpa, especialmente a nível europeu, não é toda nossa, mas, ainda assim, da nossa parte, sentimos uma responsabilidade coletiva e uma sensação de fracasso.
      Dito tudo isto, temos de olhar em frente e é importante aprender as lições certas do que aconteceu. Acreditamos que é importante que o movimento não sucumba à paranóia e desconfiança. Marco tem trabalhado duro para semear a desconfiança, desgostos e suspeitas entre nós e deixá-lo fazer isso talvez tenha sido o nosso maior erro.
      Acreditamos também que é errado pintar-nos como impotentes em uma situação como esta, ou procurar a simpatia dos media como vítimas de um Estado injusto e poderoso. Nós vemos como isso pode ser tentador, por razões de propaganda, ou para ganhar o apoio de líderes políticos e da imprensa liberal, mas é basicamente um ato vão. As ações da polícia e do Estado do Reino Unido, neste caso, são nojentas, mas não surpreendentes. Nós, como grupo e como um movimento, fomos infiltrados e atacados porque temos, e incentivamos os outros a ter, a ação militante contra uma série de injustiças colossais.
      Vieram até nós porque somos fortes, não porque somos fracos.»
      Por: "Rede Anarquista de Cardiff"
      Mais info na coluna dos Sítios a Visitar sob a designação de “South Wales”


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pão Rebelde

      O coletivo “Pão Rebelde” faz pão e vende-o a preço livre às quartas-feiras, na “Casa da Horta(Rua de São Francisco, 12A, à Ribeira) e na “Casa Viva(Praça Marquês de Pombal, 167), na cidade do Porto (Portugal).

      O coletivo apresenta-se assim:
      «Decidimos organizar-nos num coletivo porque nos parece importante organizar atividades juntos baseadas na amizade e responsabilidades partilhadas. A diferença é que nós funcionamos sem obrigações ou contratos. O dia do pão serve para partilhar a sabedoria que temos sobre o pão e outros temas, ou seja, não existe nem professor, nem aluno, mas todos nós somos professores e alunos.
      O coletivo enquadra-se numa rede social, não nos limitamos a fazer pão, mas outras atividades também (construção de forno a lenha, conceção de compotas, pizzas populares, etc.)
      Temos o hábito de ter um preço fixo e conformamo-nos a pagá-lo (se o nosso porta-moedas o permite) ou a deixa-lo (se o produto é demasiado caro para o nosso orçamento). Achamos importante que as coisas essenciais, tal como o pão, sejam acessíveis a todos, e esta é uma ocasião de nos confrontarmos com a possibilidade de outros sistemas.
      Para facilitar este meio, um preço indicativo é dado, mas o que parece interessante é que se cada um de segundo os seus meios, a contabilidade equilibra-se, ou seja, permite a distribuição de um produto a todos os interessados. Contudo, temos noção que tudo isto se passa a uma escala individual, bem pequena. Se fôssemos a ver num âmbito mais alargado, teríamos que ter em conta outros fatores. Mas afinal de contas, acabamos todos por ser pequenos. Viva as formigas!»
      Mais info em http://paorebelde.pegada.net ou na ligação permanete da coluna dos Sítios a Visitar sob a designação de Pão Rebelde.


domingo, 13 de fevereiro de 2011

Da Insuficiência da Democracia

      «É a democracia, tal como a conhecemos, a melhor possibilidade em matéria de governo? 
      Não é possível dar um passo mais em direção ao reconhecimento e à organização dos direitos do homem? 
      Nunca poderá haver um Estado realmente livre e iluminado até que não se reconheça o indivíduo como poder superior independente, de quem deriva e a quem lhe cabe a sua própria autoridade, e, em consequência, lhe dê o tratamento correspondente.»
      Henry David Thoreau (1817-1862)
      Autor estadunidense, poeta, naturalista, ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento, pesquisador, historiador, filósofo, e transcendentalista. Mais conhecido pelo livro “Walden”, uma reflexão sobre a vida simples cercada pela natureza, e pelo ensaio “Desobediência Civil”, uma defesa da desobediência civil individual como forma de oposição legítima frente a um Estado injusto.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Vergonha Provisória da Miséria

      A partir do próximo fim-de-semana (dia 19 de fevereiro) e até ao dia 02 de abril, decorrerá o campeonato do mundo de críquete (que ocorre a cada 4 anos), este ano dividido pelo Bangladesh, Índia, Sri Lanka e Paquistão.
      Na cidade de Chittagong, no Bangladesh, ocorrerão alguns dos jogos deste campeonato do mundo e, os governantes daquela cidade, de forma a transmitir aos visitantes, durante este período do campeonato, uma imagem limpa de miséria, decidiu encobrir a miséria que o povo vive, afastando os muitos mendigos das ruas, dando-lhes diretamente as esmolas que pedem, de forma a que os mendigos já não necessitem, durante o campeonato, de incomodar os transeuntes.
      O presidente do governo local da cidade diz que com esta medida pretende «reabilitar os nossos mendigos» e esta “reabilitação”, consiste na doação diária de 2 dólares (cerca de 1 euro e meio), por mendigo e durante estes cerca de 2 meses.
      Deste ato podemos concluir que de facto a miséria das pessoas é algo que envergonha a sociedade e também podemos concluir que os governantes não são as pessoas idóneas para resolver esta vergonha, porque apenas a sentem nos períodos de eleições ou em momentos especiais como um campeonato do mundo, isto é, têm uma preocupação e uma vergonha provisória. 
      Pelo contrário, o povo miserável tem uma miséria permanente e não provisória, pelo que, também permanentemente, deveria eliminar as carraças que lhe sugam o sangue que mal corre nas suas veias, devido à opressão de que padecem.
      A carraça, ou carrapato, é um inseto que se alimenta de sangue e que se instala, principalmente nos animais com pelo, como os cães, agarrando-se fortemente à pele do animal e sugando-lhe o sangue de forma permanente, inchando dia após dia. Quando tiramos uma carraça do animal, é preciso usar alguma força ou pinça para a arrancar e depois não a libertamos, não a deixamos ir à sua vida, nem naquele local nem em qualquer outro, pura e simplesmente, matámo-la.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sim, é Possível!

      «Este é um grande dia na minha vida. O meu país está livre depois de décadas de repressão. O poder do povo já não pode ser esmagado.»

      Assim o dizia Mohamed ElBaradei (opositor egípcio e prémio Nobel da Paz), referindo-se ao fim da ditadura de Mubarak no Egito.
      Mas o país não está livre, está apenas liberto; liberto de uma carga inútil. Acaba de dar um passo ou subir um degrau, está no bom caminho, mas livre, livre, ainda não.
      De qualquer forma, convém atentar também no seguinte: “o poder do povo já não pode ser esmagado”; o povo egípcio acaba de demonstrar ao Mundo que é possível conquistar mais liberdade, que é possível derrubar cargas inúteis, pesos mortos, desde que haja uma firme vontade para tal. O poder do povo deixou agora de poder ser acorrentado e amordaçado, conquistando os egípcios em 18 dias o que já deviam ter conquistado há, pelo menos, 30 anos.
      Sim, é possível a vontade popular impor-se a qualquer tipo de poder, sim e assim sem mais nem menos.



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Fruto da Resistência

      Após 15 dias de resistência, permanência, persistência, vontade inabalável e, essencialmente, de uma determinação acimentada na união do povo, desarmado, e sem qualquer outra intervenção de organizações, partidos, religiões, países, etc., eis que a vontade popular, desta forma tão simples expressa mas com grande firmeza, parece estar quase a conseguir aquilo a que se propôs, o objetivo inegociável: o fim de 30 anos de poder do governo do ditador.

      Hoje, o responsável do governo egípcio, fez declarações nas quais afirma que “não se trata de um golpe no sentido tradicional” mas que não deixa de o ser, isto é, um golpe de estado.
      Parece que o exército e o governo terão chegado à conclusão de que uma transição política seria impossível com Mubarak no poder e que Mubarak poderá passar o poder para o vice-presidente Omar Suleiman.
      Por sua vez, o ministro da informação egípcio, Anas el-Fekky, negou que Mubarak vá renunciar ao cargo, afirmando que "O presidente ainda está no poder e não vai abandonar o cargo, tudo o que ouviram nos media são rumores".
      O presidente egípcio, Hosni Mubarak, vai falar à nação ainda esta noite, anunciou a televisão estatal do Egito. E o secretário-geral do partido no poder, Hossam Badrawi, diz que Mubarak vai responder às exigências do povo. O diretor da CIA (EUA) afirmou que há uma forte possibilidade de Mubarak renunciar ainda esta noite.
      Por tudo isto crê-se que Mubarak pode estar prestes a responder finalmente ao pedido que desde 25 de janeiro tem ecoado na Praça Tahrir do Cairo: "Saia, saia Mubarak!"
      A televisão Al Arabiya está a avançar, contudo, que Mubarak já saiu do Cairo e estará na estância turística egípcia Sharm el Sheikh. O jornal The Guardian avança que o discurso poderá ter sido gravado e vai ser transmitido hoje.
      O secretário-geral do partido no poder, Hossam Badrawi, antevê o cenário: "Eu espero que o presidente responda às reivindicações do povo porque, no fim das contas, o que importa para ele é a estabilidade do país".
      Indagado sobre uma eventual aparição do presidente Mubarak na sexta-feira para anunciar uma decisão, o secretário-geral do partido indicou: "pode acontecer antes disso", acrescentando que espera que o Presidente egípcio transfira o poder para o seu vice-presidente, Omar Suleiman.
      Um responsável do Exército disse também que se “esperam ordens que vão agradar ao povo”.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Efeito Tunísia/Egito

      Após o despoletar das revoltas populares, essencialmente da Tunísia e do Egito, aqui já ultrapassados os 15 dias de protesto, tremem muitos outros governos despóticos do mundo árabe, pois ao povo submisso um dia esgota-se-lhes a paciência e tomam a revolução nas suas mãos que, embora nuas de armas, têm o poder da união; do povo unido e determinado. É com essa poderosa arma de destruição maciça que destroem governos e mudam a face dos países, com ventos de liberdade, vencendo a força bruta dos poderes musculados com a polícia, os exércitos e a religião, pese embora o povo, simples, só tenha como arma a sua voz e vontade e, às vezes, uma pedra arrancada do chão.

      Na Arábia Saudita várias dezenas de pessoas e na sua maioria mulheres, o que não é nada usual, manifestaram-se em frente do Ministério do Interior, em Riad, reclamando a libertação dos homens detidos, afirmando algumas organizações, como a Amnistia internacional, que a manifestação foi levada a cabo por ativistas pró-reformas, como a que corre na Internet reclamando para o país uma monarquia mas constitucional ou outras reclamando soluções para o desemprego e o fim da corrupção.
      No Sudão, como resposta a muitos protestos contra o aumento do custo de vida e o desemprego, o presidente daquele país veio a público prometer “abrir a porta à liberdade” e, ao mesmo tempo, ameaçava: “quem quer que queira provocar o caos será perseguido”. Neste país a polícia tem conseguido dispersar os manifestantes com a força.
      Por sua vez no Iémen, os partidos da oposição acabam de pedir ao presidente iemenita que transforme em atos as suas promessas, caso contrário prometem boicotes e manifestações como a que na passada semana reuniu 20 mil pessoas em Sanaa.
      Em Marrocos, o movimento “Justiça e Caridade”, considerado o mais importante grupo oposicionista marroquino que, embora interdito, é tolerado, veio a público dizer que “Milhões de marroquinos sofrem de pobreza e carência. É injusto que a riqueza do país seja apropriada por uma minoria. Pedimos às autoridades que acabem com a “benalização” de Marrocos”. [Benalização: é uma nova palavra formada a partir do nome do ex-presidente tunisino Ben Ali]
      É o Mundo em mudança, inevitável, porque ninguém se quer preso/oprimido tempo demais, nem com o abanar do isco de aumentos salariais de 15%, como anunciou o governo egípcio aos seus funcionários públicos e exército. Os manifestantes permanecem na Praça Tahrir, agora símbolo da revolta, dormindo em tendas ou simplesmente enrolados em cobertores, muitos deles acampados junto aos tanques do exército aí estacionados.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A Manjedoura dos Tiranos

      «A paciência dos povos é a manjedoura dos tiranos.»

      Emilio de Marchi
      Escritor italiano (1851-1901)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Ano do Coelho

      Os chineses entraram na semana passada no Ano do Coelho e, para eles, este ano será um ano calmo. Esta calma é a calma que o governo chinês pretende impor no país, principalmente porque sabem do crescente mal-estar generalizado relativamente à má governação e à corrupção que não pára de aumentar, a par de protestos diversos como os que alertam e são a favor de melhores condições laborais ou ambientais.

      Nestes dias de convulsões no mundo árabe, os noticiários nada ou pouco têm referido ao povo chinês. Pela Internet também não chega qualquer informação, por exemplo o Twitter está bloqueado na china desde 2009 e, na emana passada, quando se fazia uma pesquisa por “Egito”, era devolvido o seguinte resultado: “Segundo as leis em vigor, o resultado da sua pesquisa não pode ser comunicado”.
      O governo chinês, através do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, viria a público afirmar que “A Internet na China está aberta”.
      Xiao Quiang que monitoriza a Internet chinesa na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), afirma que “Eles estão nervosos. Estão a apertar mais do que é habitual para garantir que apenas está lá a versão da Xinhua”. A Xinhua é a agência noticiosa estatal e, neste momento, os órgãos informativos estão obrigados a reproduzir apenas as notícias divulgadas por esta entidade.
      O único jornal a abordar o assunto da Tunísia e do Egito parece ter sido o “Global Times”, ligado ao governo e ao Partido Comunista Chinês, num editorial que assim fazia referência aos acontecimentos: “As revoluções coloridas não trarão o tipo de democracia que o ocidente pretende. A democracia ainda está longe para a Tunísia e Egito. O sucesso da democracia assenta na economia, educação e questões sociais. É preciso tempo e esforço para aplicar a democracia a diferentes países e fazê-lo sem os distúrbios de uma revolução”.
      No Ano do Coelho, ano calmo, não pode, portanto, haver, para já, revoluções.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mais Alto e Mais Longe

      «Quanto mais alto se sobe, mais longe é o horizonte.»

      Vergílio Ferreira
      (Escritor/Ensaísta/Professor – 1916-1996)



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Auguste Vaillant

      Num dia como o de hoje mas de 1894 (há 116 anos), em Paris, ao grito de: "Mort à la société bourgeoise et vive l'anarchie" [Morte à sociedade burguesa e viva a anarquia (anarquismo)!] morria executado o anarquista Auguste Vaillant.

      A bomba que colocara cerca de 2 meses antes na Câmara dos Deputados, pese embora não tenha ferido ninguém, deixou aterrorizada a sociedade burguesa francesa que o condenou à morte pela guilhotina.
      Vaillant, nasceu em 1861 e desde cedo conheceu a miséria da sociedade. Aos 13 anos teve a sua primeira condenação por andar de comboio sem bilhete. Aos 17 anos esteve preso por comer num restaurante sem pagar. Foi a pé para Paris e começou a frequentar grupos anarquistas, apaixonando-se pela astronomia, filosofia, etc. Casou e teve uma filha. Viveu sempre uma vida miserável tendo emigrado para a Argentina onde não obteve vida melhor, regressando a França após 3 anos, fazendo pequenos trabalhos que não proporcionavam um nível aceitável de subsistência à família. É então que, revoltado, decide colocar uma bomba.
      No seu julgamento dirá: «Caros senhores, dentro de alguns minutos me condenarão à morte mas receberei esse veredicto com a satisfação de ter ferido a sociedade actual, esta sociedade maldita onde se pode ver um homem dispensado inutilmente em vez de trabalhar na subsistência de milhares de famílias, sociedade infame que permite a alguns indivíduos obter as riquezas sociais (…) Cansado de levar uma vida de sofrimento e de cobardia, lancei esta bomba contra aqueles que são os primeiros responsáveis dos sofrimentos sociais».


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Revolução dos Alimentos

      A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou ontem que os preços dos alimentos a nível mundial atingiram um novo recorde este último mês de janeiro, sendo o sétimo aumento consecutivo, devido à escalada no preço das matérias-primas.

      Os maiores aumentos verificaram-se nas matérias-primas relacionadas com os laticínios, com uma subida de 6,2%.
      Os preços já vinham subindo desde 2010, devido às secas e cheias que se fizeram sentir em vários pontos do planeta, causando danos graves nas plantações.
      Os preços elevados dos alimentos começaram já a repercutir-se um pouco por todo o planeta, designadamente, contribuindo para a escalada das tensões e dos protestos na Tunísia que levaram ao exílio do presidente no mês passado e às manifestações que ainda se fazem sentir nas ruas do Egito, onde os manifestantes exigem a demissão do presidente que, embora tenha já anunciado que não se irá recandidatar nas eleições de setembro, depois de mais de três décadas no poder, o povo não aceita e pretende uma demissão imediata.
      Todas estas grandes manifestações têm tido por base pequenas explosões sociais motivadas pelo aumento dos preços, como dos combustíveis mas, essencialmente, dos alimentos. Estaremos a assistir ao início de uma revolução mundial motivada pela comida?


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Boletim Operário

      Já está disponível para ver ou baixar o último Boletim Operário, o nº. 96, de 29 de janeiro último.

      Atenção: este boletim é semanal.
      Baixa o último em: http://files.cepsait.webnode.com/200001106-233dc24383/Boletim96.pdf e vê mais no sítio do Centro de Estudos e Pesquisas Sociais (CEPSAIT) na coluna dos “Sítios a Visitar”.