sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Vergonha Provisória da Miséria

      A partir do próximo fim-de-semana (dia 19 de fevereiro) e até ao dia 02 de abril, decorrerá o campeonato do mundo de críquete (que ocorre a cada 4 anos), este ano dividido pelo Bangladesh, Índia, Sri Lanka e Paquistão.
      Na cidade de Chittagong, no Bangladesh, ocorrerão alguns dos jogos deste campeonato do mundo e, os governantes daquela cidade, de forma a transmitir aos visitantes, durante este período do campeonato, uma imagem limpa de miséria, decidiu encobrir a miséria que o povo vive, afastando os muitos mendigos das ruas, dando-lhes diretamente as esmolas que pedem, de forma a que os mendigos já não necessitem, durante o campeonato, de incomodar os transeuntes.
      O presidente do governo local da cidade diz que com esta medida pretende «reabilitar os nossos mendigos» e esta “reabilitação”, consiste na doação diária de 2 dólares (cerca de 1 euro e meio), por mendigo e durante estes cerca de 2 meses.
      Deste ato podemos concluir que de facto a miséria das pessoas é algo que envergonha a sociedade e também podemos concluir que os governantes não são as pessoas idóneas para resolver esta vergonha, porque apenas a sentem nos períodos de eleições ou em momentos especiais como um campeonato do mundo, isto é, têm uma preocupação e uma vergonha provisória. 
      Pelo contrário, o povo miserável tem uma miséria permanente e não provisória, pelo que, também permanentemente, deveria eliminar as carraças que lhe sugam o sangue que mal corre nas suas veias, devido à opressão de que padecem.
      A carraça, ou carrapato, é um inseto que se alimenta de sangue e que se instala, principalmente nos animais com pelo, como os cães, agarrando-se fortemente à pele do animal e sugando-lhe o sangue de forma permanente, inchando dia após dia. Quando tiramos uma carraça do animal, é preciso usar alguma força ou pinça para a arrancar e depois não a libertamos, não a deixamos ir à sua vida, nem naquele local nem em qualquer outro, pura e simplesmente, matámo-la.

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