quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Efeito Tunísia/Egito

      Após o despoletar das revoltas populares, essencialmente da Tunísia e do Egito, aqui já ultrapassados os 15 dias de protesto, tremem muitos outros governos despóticos do mundo árabe, pois ao povo submisso um dia esgota-se-lhes a paciência e tomam a revolução nas suas mãos que, embora nuas de armas, têm o poder da união; do povo unido e determinado. É com essa poderosa arma de destruição maciça que destroem governos e mudam a face dos países, com ventos de liberdade, vencendo a força bruta dos poderes musculados com a polícia, os exércitos e a religião, pese embora o povo, simples, só tenha como arma a sua voz e vontade e, às vezes, uma pedra arrancada do chão.

      Na Arábia Saudita várias dezenas de pessoas e na sua maioria mulheres, o que não é nada usual, manifestaram-se em frente do Ministério do Interior, em Riad, reclamando a libertação dos homens detidos, afirmando algumas organizações, como a Amnistia internacional, que a manifestação foi levada a cabo por ativistas pró-reformas, como a que corre na Internet reclamando para o país uma monarquia mas constitucional ou outras reclamando soluções para o desemprego e o fim da corrupção.
      No Sudão, como resposta a muitos protestos contra o aumento do custo de vida e o desemprego, o presidente daquele país veio a público prometer “abrir a porta à liberdade” e, ao mesmo tempo, ameaçava: “quem quer que queira provocar o caos será perseguido”. Neste país a polícia tem conseguido dispersar os manifestantes com a força.
      Por sua vez no Iémen, os partidos da oposição acabam de pedir ao presidente iemenita que transforme em atos as suas promessas, caso contrário prometem boicotes e manifestações como a que na passada semana reuniu 20 mil pessoas em Sanaa.
      Em Marrocos, o movimento “Justiça e Caridade”, considerado o mais importante grupo oposicionista marroquino que, embora interdito, é tolerado, veio a público dizer que “Milhões de marroquinos sofrem de pobreza e carência. É injusto que a riqueza do país seja apropriada por uma minoria. Pedimos às autoridades que acabem com a “benalização” de Marrocos”. [Benalização: é uma nova palavra formada a partir do nome do ex-presidente tunisino Ben Ali]
      É o Mundo em mudança, inevitável, porque ninguém se quer preso/oprimido tempo demais, nem com o abanar do isco de aumentos salariais de 15%, como anunciou o governo egípcio aos seus funcionários públicos e exército. Os manifestantes permanecem na Praça Tahrir, agora símbolo da revolta, dormindo em tendas ou simplesmente enrolados em cobertores, muitos deles acampados junto aos tanques do exército aí estacionados.

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