sábado, 30 de junho de 2012

O Que é a Propriedade?

      Num dia como o de hoje mas do ano 1840 (há 172 anos), era publicada a obra: “Qu'est ce que la propriéte? (O que é a Propriedade?) de Pierre-Joseph Proudhon.
      Proudhon torna-se, com esta obra, o primeiro anarquista auto-intitulado da história, tendo assim início a filosofia política do Anarquismo na modernidade.
      Filósofo político e economista francês, foi o primeiro indivíduo a se autoproclamar anarquista, sendo hoje considerado o pai do anarquismo e um dos mais influentes escritores e organizadores anarquistas.
      Esta que foi a sua primeira obra é também considerada a sua maior publicação. Tinha por subtítulo: “Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo”.
      A publicação deste livro atraiu a atenção das autoridades francesas, atraindo também o interesse de Karl Marx que com ele se começou a corresponder, iniciando uma amizade e troca de ideias que veio a terminar quando Marx escreveu o texto “A Miséria da Filosofia”, como resposta provocatória ao escrito anteriormente publicado por Proudhon intitulado: “Sistema das Contradições Económicas ou a Filosofia da Miséria”.
      Mais tarde, na obra “Confissões de um Revolucionário”, Proudhon afirmou que “anarquia é ordem”, afirmação que veio a dar origem ao símbolo anarquista que consiste na letra “A” (de Anarquia) rodeada pela letra “O” (de Ordem).

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Há 585 MIlhões de Anos

      Investigadores canadianos descobriram no Uruguai indícios que vêm provar que os animais viviam na Terra há 585 milhões de anos.
      Antes desta descoberta, confirmada através de análises espetrométricas, os mais antigos vestígios de vida animal tinham sido datados, na Rússia, em 555 milhões de anos.
      Os autores da investigação, publicada na revista científica “Science”, encontraram num sedimento lamacento traços fossilizados de um animal primitivo, o bilatério, caraterizado pela simetria bilateral do seu corpo (que está na origem do seu nome) e pela presença de um tubo digestivo e de órgãos diferenciados.
      Os bilatérios deixavam igualmente uma marca única quando se moviam.
      Segundo os cientistas, os traços fossilizados deixados por um dos animais desta espécie indicam que a sua musculatura permitia que se movessem nos sedimentos do fundo do mar. Por outro lado, a forma dos seus movimentos revela também uma adaptação resultante da procura de comida, constituída por elementos orgânicos dos sedimentos.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Alexander Berkman

      Faz hoje precisamente 76 anos que Alexander Berkman deu um tiro na cabeça, suicidando-se, aos 66 anos de idade, de forma a terminar com o padecimento da doença que o consumia e entrevava.
      Alexander Berkman (21-11-1870 – 28-06-1936) foi um escritor e ativista anarquista nascido na Rússia e, emigrado nos E.U.A., foi figura de destaque do movimento anarquista daquele Estado no início do século XX.
      Viveu na cidade de Nova Iorque, onde se envolveu com o movimento anarquista. Foi amante e companheiro de longa data da conhecida anarquista Emma Goldman.
      Em 1892, Berkman tentou assassinar Henry Clay Frick, num ato de mera propaganda pela ação, uma vez que este Frick era um conhecido industrial então denominado como o "homem mais odiado da América". A extinta revista Portfolio chegou mesmo a nomear Frick como “um dos piores CEO estadunidenses de todos os tempos".
      Frick sobreviveu ao atentado contra a sua vida e Berkman passou 14 anos na prisão. Esta longa estadia na prisão foi a base do seu primeiro livro: “Memórias de um Anarquista Aprisionado”.
      Após a prisão, Berkman assumiu a função de editor do periódico libertário “Mother Earth” que fora fundado por Emma Goldman e viria a estabelecer o seu próprio jornal: “The Blast”.
      Em 1917, Berkman e Goldman foram condenados a dois anos de cadeia por conspiração contra a então recente lei de obrigatoriedade de alistamento nas forças armadas dos Estados Unidos. Depois das suas libertações, foram de novo condenados, junto com centenas de outros progressistas, e deportados para a Rússia.
      Na Rússia, inicialmente apoiou a revolução bolchevique naquele país, mas rapidamente fez conhecer a sua oposição ao uso soviético da violência e a repressão das vozes dos autonomistas. Em 1925 publicou um livro sobre as suas experiências na Rússia: “O Mito Bolchevique”.
      Foi viver para a França, onde morreu, aí dando continuidade ao seu trabalho de apoio ao movimento anarquista, produzindo a clássica exposição dos princípios anarquistas: “Agora e Depois: O ABC do Anarquismo Comunista”.
      Dizia, por exemplo:
      «Anarquismo significa que deverias ser livre; que ninguém deveria escravizar-te, chefiar-te, roubar-te, ou se impor sobre ti. Significa que deverias ser livre para fazer as coisas que desejas fazer e que não deverias ser forçado a fazer o que não desejas.
      Assim, não mais haveria guerra, nem violência empregada por alguns homens contra outros, não haveria monopólio nem pobreza, não haveria opressão e ninguém tentaria tirar vantagem de seus semelhantes.
      Para resumir, Anarquismo significa uma condição ou sociedade onde todos os homens e mulheres são livres, e onde todos aproveitam igualmente os benefícios de uma vida sensível e ordenada.»
      Citação retirada de "A anarquia é possível?", em ABC do Anarquismo (1927).

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Tragédia Invisível

      Morreram ontem na Tanzânia 43 indivíduos etíopes e somalis, sufocados até à morte dentro de um camião que os levava para a África do Sul.
      Uma semana antes, 47 migrantes tinham morrido afogados no Lago Malawi.
      Ao largo da Austrália, as autoridades conseguiram salvar 130 das cerca de 150 pessoas que seguiam a bordo de uma embarcação apinhada que naufragou na quarta-feira.
      Uma semana antes, 90 refugiados originários de países como o Afeganistão, o Sri Lanka e o Irão não conheceram a mesma sorte nas águas do Índico.
      Estes são apenas os quatro mais recentes incidentes graves a envolver emigrantes e refugiados transportados ilegalmente, mas as notícias repetem-se quase diariamente, desenhando os contornos de uma tragédia global, porém quase invisível, senão mesmo invisível para os media das massas.
      A Europa continua a estar na linha da frente do flagelo. Segundo dados compilados pela rede europeia da ONG United, mais de 14000 pessoas morreram ao tentar chegar a este continente desde 1998. O ano de 2011 foi fatídico, com a Primavera Árabe tanto a empurrar milhares de refugiados para Norte como a levar ao colapso das estruturas de dissuasão até ali existentes em países como a Tunísia e a Líbia. Pelo menos 2000 pessoas morreram naquele período no Mediterrâneo.
      Longe das manchetes, há também registo de dezenas de mortes nos campos minados da fronteira greco-turca ao longo da última década, bem como de centenas de vítimas de acidentes, fome, frio ou homicídio nos confins da União Europeia. Como ao largo do território ultramarino de Mayotte onde, segundo o Senado francês, outras 4500 pessoas morreram desde 2001.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Viva a Dinamite!

      Num dia como o de hoje (26 de junho) mas do ano de 1886, isto é, há 126 anos, em Paris (França), Charles Gallo é expulso do seu julgamento devido ao ataque que fizera em 5 de Março anterior, com ácido, dentro da Bolsa de Valores, gritando: “Viva a Dinamite! Viva a anarquia! Viva a Revolução Social! Morte aos juízes burgueses! Bando de idiotas!"
      O ataque ocorreu assim: Charles Gallo lança da galeria superior da bolsa de valores de Paris uma garrafa com ácido. No entanto o vidro da garrafa não chega a partir e apenas sai da garrafa um odor nauseante que provoca o pânico entre os compradores, vendedores e acionistas. No meio da confusão Gallo sacou o seu revólver e disparou três tiros à sorte, não conseguindo acertar em ninguém.
      O julgamento foi adiado várias vezes devido à permanente atitude de Gallo de confrontar o poder judicial. Declarou sempre não se arrepender de nada a não ser de não ter conseguido acertar em ninguém.
      Foi condenado a 20 anos de prisão mas devido à sua atitude na prisão com agressões aos guardas, tendo mesmo cravado um copo de vidro quebrado na barriga de um guarda, a pena é transformada em pena de morte e mais tarde comutada para pena perpétua de trabalhos forçados.
      A imagem abaixo é a reconstituição que saiu nos jornais da época ilustrando o pânico na Bolsa de Valores de Paris aquando do atentado.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Moçambique #37

      Num dia como o de hoje, do ano de 1975 (há 37 anos), era proclamada a independência de Moçambique.
      Passou a presidir o país Samora Machel, terminando assim com 500 anos de colonialismo português neste país e pondo fim à guerra de libertação que aquele povo encetara contra Portugal e que já durava há 10 anos.
      Moçambique torna-se independente na sequência da Revolução dos Cravos portuguesa, revolução esta que pôs fim à ditadura que grassava não só em Portugal como em todas as então colónias portuguesas, territórios que foram de seguida libertados, tornando-se países independentes.
      Após a independência, Moçambique adoptou a denominação de República Popular de Moçambique, sendo instituído no país um regime socialista de partido único, cuja base de sustentação política e económica se viria a degradar progressivamente até à abertura, feita nos anos de 1986-1987, quando foram assinados acordos com o Banco Mundial e FMI.
      A abertura do regime foi ditada pela crise económica em que o país se encontrava, pelo desencanto popular com as políticas de cunho socialista e pelas consequências insuportáveis da guerra civil que o país atravessou entre 1976 e 1992.
      Na sequência do Acordo Geral de Paz, assinado entre os presidentes de Moçambique e da Renamo, o país assumiu o pluripartidarismo, tendo tido as primeiras eleições com a participação de vários partidos em 1994.
      Abaixo podes ver a bandeira de Moçambique enquanto colónia portuguesa e a bandeira atual do país. Podes ver ainda a imagem de época do folheto informativo dirigido ao povo moçambicano relativo aos termos do acordo de independência firmado em Lusaka entre Portugal e Moçambique.





domingo, 24 de junho de 2012

Dito há 2350 Anos

      «Hoje em dia, a maior parte das pessoas prefere a vida do consumo e procura o prazer, a riqueza ou a fama.»
      Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
      Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental.

sábado, 23 de junho de 2012

Ocupar Rio+20


      Dois membros do movimento “Occupy” invadiram a coletiva de imprensa da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, denunciando que o documento final não representa as vozes que lutam contra a degradação do meio ambiente e a opressão.
      O membro do movimento “Occupy”, Alexandre Carvalho e a integrante do Ocupa Sampa, Maryana Sant’Ana, infiltraram-se na coletiva que estava ocorrendo na sala P3 – 7 e sentaram-se próximos dos oradores aguardando o inicio da coletiva marcada para as 2 horas pm, que contava com chefes de estado, embaixadores, e representantes das Nações Unidas.
      Quando um dos membros da mesa começou o seu discurso, apontando que a causa da degradação ambiental e a quebra da economia global não era devida aos bancos mas sim proveniente da falta de ação dos governos, os dois ativistas ocuparam a frente do painel, pegaram em duas flores que estavam decorando o local, e disseram: “Eles não nos representam! Queremos uma democracia real! Estamos aqui para anunciar um novo tempo; um tempo de imaginação, poesia e sem ecocídio! Não ao genocídio entre gerações!”, de seguida foram retirados pela força da sala, pela segurança da ONU.
      O documento final da “Rio+20” foi marcado por uma frustração generalizada, com muitas vozes denunciando a falta de ambição, urgência e comprometimento real com o meio ambiente.
      Enquanto líderes de estado tiveram um discurso vazio em relação ao documento e as negociações, membros da sociedade civil organizada e ONG ameaçaram retirar o seu apoio da declaração final.
      O controle das corporações dentro da ONU está minando as soluções reais provenientes de movimentos sociais de base”, diz Sant´Ana. “Vender o capitalismo verde como solução dos problemas ambientais do mundo é uma farsa – a solução consiste em solidariedade internacional, tecnologias de código aberto e uma nova consciência mundial.”

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Todos Somos Zulmira


      Decorreu ontem um ato de protesto e solidariedade para com os familiares de Zulmira, a angolana morta num ato racista no passado dia 22 de maio, por ser negra e imigrante.
      O ato decorreu em São Paulo (Brasil) debaixo de chuva permanente que, ainda assim, não impediu a presença de muitas pessoas que relembraram ainda muitos outros casos de violência e assassinatos de imigrantes, de entre eles, também o recente caso de Francisca Villanueva, boliviana assassinada há poucos dias.
      Estiveram presentes no ato diversos grupos do movimento negro, movimentos sociais e de imigrantes, bem como integrantes do Coletivo Anarcopunk Diversidade.
      Zulmira foi assassinada a tiros por dois homens após estes terem sido expulsos do bar onde estavam, na região do Brás, por ofender um grupo de estudantes angolanos com dizeres como “macacos”. Os dois racistas voltaram cerca de 20 minutos depois disparando contra o grupo.
      Zulmira de Souza Borges, de 27 anos, foi baleada na testa e não resistiu aos ferimentos. Além dela, Celina Bento Mendonça, de 34 anos, grávida de 8 meses, Gaspar Armando Mateus, 27 anos, e Renovaldo Manuel Capenda, de 32 anos, foram atingidos.
      Celina (grávida) foi atingida na região do abdómen.
      Ser negro no Brasil muitas vezes significa estar submetido a viver conforme os piores indicadores de qualidade de vida, ganhar cerca de 54% menos, frequentar as escolas públicas de pior qualidade e ser obrigado a abandoná-las antes, trabalhar mais horas durante os dias e mais dias durante a vida. Significa, principalmente, morrer mais cedo. A expetativa média de vida de um homem negro no Brasil é seis anos menor que a de um homem branco.
      O racismo é real e quotidiano, expressa-se de muitas formas e está presente nas relações de trabalho, nas ruas e estabelecimentos, nas práticas policiais, estatais, institucionais…
      É necessária uma luta diária contra o racismo ou qualquer forma de discriminação; rejeitando, desde a pequena anedota racista a qualquer outro tipo de comentário ou ato.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Geração Consciente


      Por esta mesma altura, em Junho do ano de 1923, há 89 anos atrás, saia à luz na Catalunha (Espanha) o primeiro número da revista “Generación Consciente” (Geração Consciente).
      Esta revista foi um caso sério de longevidade, pois ao contrário da maior parte das publicações anarquistas, esta perdurou durante os 14 anos seguintes, tendo uma tiragem média de cerca de 60 mil exemplares.
      A revista abordava temas naturistas e libertários, como o nudismo, a medicina integral, o amor livre e a educação sexual, a higiene e a alimentação natural, a pedagogia racional, a arte, etc.
      Teve uma importante influência na classe trabalhadora espanhola, contribuindo para a evolução e mudança radical das mentalidades.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Squat Timothy Leary em Campinas (SP)


     A seguir reproduz-se de forma sintética e adaptada a este blogue, um comunicado do Squat Timothy Leary, de Campinas (SP), que está ameaçado de sofrer uma reintegração de posse.
      «Saudações a todos!
      É com grande peso no coração que passamos a todos a seguinte notícia:
      No passado fim de semana, fomos avisados, pelo advogado que nos acompanha desde o terceiro mês de okupação, que o imóvel do Squat Timothy Leary foi vendido a uma construtora. Até então não havia confirmação, podia se tratar de rumores. Ainda não notificados com qualquer ordem judicial de reintegração de posse, acreditamos que temos um tempo por conta dos trâmites burocráticos jurídicos.
      O squat completará 1 ano de resistência e persistência quotidiana no dia 6 de julho. Durante o decorrer deste período recebemos a visita de muitos companheiros, fortalecendo os laços de solidariedade e apoio mútuo, trocando experiências e práticas libertárias. Estreitamos relação com autonomistas da Colômbia e do Peru. Dialogamos e somamo-nos com diversos coletivos de Campinas e região. A relação com a comunidade tem gradualmente se tornado mais harmoniosa.
      Resistimos a um ataque brutal e violento por parte dos conservadores da ordem burguesa, em clara demonstração de terrorismo de Estado. Sofremos com a ofensiva de grupos paramilitares vinculados à doutrina integralista-linearista, tradicionalmente presente na cidade. Tivemos problemas com a organização interna o que nos rendeu a suspensão temporária de atividades. Muitos saíram, outros entraram, mas as lembranças positivas de cada um permanecem.
      Diante da incerteza e efemeridade do espaço, convidamos coletivos, organizações, grupos e individualidades autónomos para konstrução koletiva e intensificação das atividades nesses momentos finais.
      A todos que embatem seus rebeldes e valentes corações contra a ordem do poder e sua realidade opressora”.»

terça-feira, 19 de junho de 2012

Carta Aberta da Rádio Cordel Libertário


      A Rádio Cordel Libertário acaba de publicar uma carta aberta a todos os companheiros ouvintes e que a seguir, em síntese adaptada, transcrevemos:
      «Através desta carta aberta vimos esclarecer os ouvintes e parceiros das várias regiões do Brasil dos motivos da pausa de transmissão ao-vivo nos últimos quase dois meses e também fazer um convite para quem tiver interesse em somar-se ao Coletivo de Contrainformação da Rádio Cordel Libertário.
      A Rádio Cordel Libertário é uma Rádio Autogestionária que se mantém através do trabalho voluntário das pessoas que a integram mas, como várias outras rádios autogestionárias, a Cordel Libertário também tem problemas no que se refere ao número de pessoas para sua operacionalidade, o que faz, como devem ter percebido, que aconteça uma que outra pausa nas transmissões, esta pausa acaba por ser necessária não só para a reorganização da Rádio, mas também para a organização particular dos integrantes da Rádio.
      Durante estes últimos quase dois meses sem transmissões ao-vivo na Cordel Libertário percebemos que ainda continuou a haver uma grande quantidade de acessos diários ao blogue da Rádio, o que mostra que o acervo, tanto de áudios anteriores (que costumamos chamar de acervo de formação politica libertária/anarquista) como de livros digitais (libertários/anarquistas) tem contribuído para que muitos libertários e anarquistas, de várias partes do Brasil e do Mundo, possam conhecer melhor os debates e os grupos que passaram durante este cerca de um ano e três meses de existência da Cordel Libertário.
      Mantemos o nosso compromisso em continuar com a Cordel Libertário e queríamos convidar as pessoas que concordam com esta iniciativa a somar-se ao Coletivo de Contrainformação Cordel Libertário, seja de Salvador/Ba (local da maior parte dos integrantes da Cordel Libertário), seja de qualquer região do Brasil ou do Mundo, porque a Rádio está “on-line”.
      Sendo um meio de contrainformação, a Cordel Libertário necessita de diversas contribuições, seja através da locução, seja para articulação das entrevistas ou mesmo para a manutenção do blogue; enfim, toda a participação será bem-vinda na construção de um meio de contrainformação que auxilie na organização e na luta libertária e anarquista.
      Quem tiver interesse mande um “e-mail” para falarmos. Estamos nos organizando para retomar as transmissões e continuar trazendo grupos e debates que contribuam para a organização e luta libertária e anarquista.
      Salve Libertário!
      Coletivo de Contrainformação Cordel Libertário.»
      A Rádio Cordel Libertário tem (desde sempre) ligação permanente na coluna aqui ao lado dos “Sítios a Visitar”.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Que Se Discute

      «Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute.»
      Citação de José Saramago (1922-2010) no Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre (Brasil), em fevereiro de 2002
      Faz hoje dois anos que morreu este escritor grande da língua portuguesa e que, nesta nossa língua, atingiu reconhecimento internacional, sendo o único a receber o reconhecimento internacional do Prémio Nobel da Literatura, em 1998.

domingo, 17 de junho de 2012

O Melhor de Mim

      «Pôr fogo em tudo, inclusive em mim
       Ao menino de 1918 chamavam anarquista
       Porém meu ódio é o melhor de mim.»
      Versos in “A Flor e a Náusea”,
       de Carlos Drummond de Andrade
       Poeta brasileiro (1902-1987)

sábado, 16 de junho de 2012

A Resistência Mineira

      Há 20 dias que os mineiros das Astúrias (província espanhola) ocupam as minas e barricam estradas, enfrentando a polícia com originais armas de sua própria construção, como os “rockets” que lançam usando tubos metálicos e foguetes pirotécnicos.
      Os cortes de estradas ocorrem em estradas nacionais e autoestradas, não conseguindo a polícia desbloqueá-las dada a grande força de enfrentamento dos mineiros.
      Os cortes nas linhas ferroviárias ocorrem de igual modo e, tendo sido desbloqueada a barricada e reposta a circulação, logo cortaram a linha elétrica, o que obrigou a novo corte de circulação.
      Os mineiros invadiram ainda o Congresso dos Deputados, vestidos de camisolas negras, protesto que foi aplaudido pelos deputados da oposição e obrigou à suspensão dos trabalhos do plenário.
      Os mineiros protestam pelo plano de fecho de todas as minas de carvão que está a ser implementado até ao ano de 2019, altura em que todas as minas deverão estar encerradas. As minas de extração de carvão são o principal empregador das Astúrias, sem elas a população não terá emprego.
      Nos últimos dias, várias sedes do Partido Popular (que atualmente governa em Espanha) foram atacadas na região das Astúrias, tendo sido deixado um saco de carvão.
      A greve dos mineiros é por tempo indeterminado.
      Estão em risco 25 mil postos de trabalho (diretos e indiretos).
      O protesto dos mineiros espanhóis, estimados em cerca de 8.000, iniciou-se no final de maio, com uma manifestação em Madrid.
      Ontem, enquanto a polícia tentava desbloquear uma estrada, os mineiros enfrentaram a polícia, resultando em quatro polícias que tiveram de receber tratamento hospitalar, com diagnóstico reservado.















sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Despertar dos Trabalhadores


      Num dia como o de hoje, 15 de junho, corria o ano de 1900 (há 112 anos), saia em Liège, na Bélgica, o primeiro número do jornal que viria a ser quinzenal "Le Réveil des Travailleurs" (O Despertar dos Trabalhadores).
      Nos primeiros números teve o subtítulo de “Journal d'émancipation populaire” (jornal de emancipação popular) e depois, até final, “Organe Libertaire” (Órgão Libertário).
      O jornal tinha uma tiragem de cerca de 1700 exemplares e acabaria em abril de 1903.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Index Librorum Prohibitorum

      Foi num dia como o de hoje, mas de há 46 anos, corria o ano de 1966, que o Vaticano anunciou a abolição do “Index Librorum Prohibitorum”, isto é, o Índice dos Livros Proibidos.
      Esta lista dos livros proibidos pela Igreja Católica foi instituída em 1557, isto é, há mais e durante quatro séculos, sendo apenas abolido há menos de 50 anos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Rio+20 e a Cúpula dos Povos

      Começa hoje no Rio de Janeiro (Brasil) a cimeira-conferência das Nações unidas (ONU), denominada: “Rio+20” e, em paralelo, decorrerá, também no Rio de Janeiro, outra cimeira-conferência, denominada: “Cúpula dos Povos”.
      A Cimeira tem já 20 anos a por na agenda mundial a necessidade de novos modelos de desenvolvimento. Este ano, após os 20 anos, parece ter chegado a altura de fazer um balanço e olhar para o futuro, que não parece lá muito brilhante, em termos de desenvolvimento sustentável.
      Se em algumas áreas foram registados progressos, como o abastecimento de água, investimento em energias renováveis, saúde pública e qualidade de vida das populações, em outras ainda não existem soluções definidas, como: a perda da biodiversidade, desflorestação, sobrepesca, cidades demasiado grandes para uma população cada vez maior, etc.
      Mais uma vez estes assuntos serão debatidos, o que não significa, no entanto, que o resultado seja um consenso entre países, com expressão num documento final. O principal objetivo da conferência é acordar um documento que perspetive as relações internacionais, a economia, o emprego, e diversos temas críticos como o clima, a alimentação, a água, os oceanos, as cidades, entre outros, numa filosofia de desenvolvimento sustentável.
      As discordâncias entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento são, mais uma vez, o obstáculo para a formulação de um compromisso global. Apenas 20 por cento do documento, negociado desde janeiro e que será discutido na cimeira, “recebe consenso de todas as partes.
      Muitos parágrafos do documento final têm duas alternativas equacionadas, uma suportada pelos EUA, Canadá e Japão, e outra pelo denominado G77, países em desenvolvimento, incluindo a China. A União Europeia tem também alterações propostas e sugestões, mas não originando posições tão opostas e conflituantes.
      O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou na semana passada que os governos mostrassem mais flexibilidade, ao indicar que os problemas do futuro do planeta devem sobrepor-se aos interesses nacionais ou aos interesses de grupos.
      A crise económica e financeira que assola a Europa não poderia faltar à Rio+20, uma vez que a economia também cabe debaixo do guarda-chuva do desenvolvimento sustentável e a situação económica debilitada de muitos países pode ser um entrave para decisões fortes noutras áreas. A crise económica costuma pesar mais do que a crise ambiental e também social, o que pode cercear uma mudança de rumo do desenvolvimento para as próximas décadas.
      A organização quer envolver ao máximo a sociedade civil na discussão, sendo esperada a participação de mais de 50 mil pessoas. «O documento elaborado na Rio+20 será aprovado entre governos, mas queremos ter o máximo de sugestões e informações de todos os setores da sociedade», declarou em comunicado o diplomata Laudemar Aguiar, responsável pela logística da conferência.
      O culminar da discussão acontece entre os dias 20 e 22 de junho com a reunião de líderes políticos e representantes das Nações Unidas. A organização da Rio+20 já recebeu 134 pedidos de inscrições para discursos de chefes de Estado ou de Governo. Delegações de 176 países vão marcar presença.
      Em simultâneo com a Rio+20, decorre a Cúpula dos Povos, um evento paralelo à conferência, que quer expressar o descontentamento da sociedade civil e espera receber mais de 15 mil participantes no Parque do Flamengo, também no Rio de Janeiro.
      Vemos a Rio+20 sem esperanças, sem uma vontade política de mudar as coisas por parte dos países”, disse Bazileu Alves Margarido, da ONG Instituto Democracia e Desenvolvimento Sustentável.
      A Cúpula dos Povos é realizada por 200 organizações ambientais e sociais de todo o Mundo. Cerca de 600 atividades, entre debates, manifestações e espetáculos, vão marcar o evento paralelo que tem como mote o convite: “Venha mudar o mundo”.
      Mais informação sobre a Cúpula dos povos em:

terça-feira, 12 de junho de 2012

A Paz no Mundo

      Foi hoje divulgado o atual “Índice de Paz Global”. Este índice foi criado em 2007 por uma parceria entre a Universidade de Sydney (Austrália), Universidade de Londres (Reino Unido), a Universidade de Uppsala, o Instituto Internacional de Pesquisas pela Paz de Estocolmo, ambos na Suécia e a revista britânica “The Economist”.
       Com este índice, anualmente divulgado, pretende-se analisar a nível global os esforços pela paz, tanto de caráter interno como externo a cada país. Os países em análise são 158 e este ano, este estudo vem revelar que o mundo está mais pacífico, apesar de reconhecer a existência de conflitos no Médio Oriente, nomeadamente na Síria. A América do Norte também tem registado um aumento de violência, mas, de acordo com o documento, todas as regiões do mundo tiveram melhorias no que respeita à avaliação dos conflitos domésticos e internacionais, segurança na sociedade e militarização.
       Realça ainda o facto de, pela primeira vez, a África subsaariana ter deixado de ocupar o último lugar da lista.
       Assim, temos em primeiro lugar da lista, como o país com o maior índice de paz, a Islândia (este primeiro lugar foi, no ano passado, ocupado pela Noruega) e em último Lugar já não está o Iraque, como no ano passado, mas a Somália.
       Dos países lusófonos analisados, o melhor classificado é Portugal, em 16º lugar (no ano passado estava em 9º lugar), seguido de Moçambique em 48º lugar, Brasil em 83º lugar e, empatados no 95º lugar estão Angola e a Guiné-bissau. Os E.U.A. estão classificados em 88º lugar e a Rússia no lugar 153 do índice.
       Mais info em: http://www.visionofhumanity.org/gpi-data/

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Há Alternativas

       Foi recentemente disponibilizado para “download” gratuito o livro em castelhano intitulado: “Hay Alternativas. Propuestas para crear empleo y bienestar em España”, isto é: “Há Alternativas. Propostas para criar emprego e bem-estar em Espanha”.
      Este livro pertence a uma troika de economistas espanhóis: Vicenç Navarro, Juan Torres e Alberto Garzón, com prólogo de Noam Chomsky (EUA).
      O livro de cerca de 200 páginas está disponível em pdf na página da ATTAC de Espanha e nas livrarias a 10 euros cada exemplar.
      Dizem os Autores:
      «Temos a firme convicção de que só fazendo com que os cidadãos saibam o que verdadeiramente está a suceder com a nossa economia e divulgando as alternativas que existem a esta aguda crise do capitalismo, poderemos sair dela com mais emprego e bem-estar social, como demonstramos neste livro. Por isso divulgamos esta versão em pdf e fazemos um chamamento a todos para que a divulguem, estudem e difundam as suas propostas, transformando-se todos os leitores em distribuidores do livro. Contra a censura dos grandes oligopólios e do pensamento único que impõem os poderes económicos, financeiros e mediáticos, defendamos a pluralidade e a liberdade de pensamento, conhecendo e difundindo o pensamento crítico.»
      Ligação à ATTAC Espanha:
       http://www.attac.es/
      Ligação ao livro em pdf:
 

domingo, 10 de junho de 2012

Camões

      Já a saudosa Aurora destoucava
      Os seus cabelos de ouro, delicados,
      E as flores nos campos esmaltados
      De cristalino orvalho borrifava.
      Luís Vaz de Camões
      Poeta português do século XVI, nascido provavelmente no ano de 1524 e falecido a 10-06-1580. 
      O dia 10 de Junho é feriado em Portugal, sendo dedicado a Portugal, a Camões e às Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo, enfim, um dia dedicado aos portugueses e também a todos os que usamos a Língua Portuguesa como veículo transmissor das nossas ideias e ideais.

sábado, 9 de junho de 2012

A Verdade sobre Madre Teresa de Calcutá


      Madre Teresa de Calcutá nunca mentiu sobre os seus propósitos, no entanto, nunca ninguém a ouviu com atenção. O seu intuito não era salvar os pobres mas tão-só atenuar a sua partida para o outro mundo.
     Com este propósito, mal compreendido, angariou milhões de euros ao longo dos anos, não tendo nenhum cêntimo sido investido nas pessoas, tendo se tornado um dos maiores negócios do Vaticano.
      A Madre Teresa tinha um culto pela morte e pelo sofrimento dos pobres e é responsável pela morte de milhares de indivíduos sem nunca lhes ter proporcionado cuidados médicos e/ou qualquer outro tipo de apoio a não ser o caminho para a morte.
      Dizia: «Acho muito bonito que os pobres aceitem o seu destino. É a mais bela dádiva para uma pessoa que ela possa participar dos sofrimentos de Cristo. Acho que o Mundo está a ser ajudado pelo sofrimento dos pobres.»
      Vê o vídeo abaixo para um mais amplo conhecimento.
 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ação de Solidariedade


      Os companheiros da União Sindical Italiana, Secção Italiana da AIT, realizam uma acção de solidariedade para com toda a população atingida pelos terramotos de 20 e 29 de maio, em Modena, Itália.
      Quase todas as vítimas dos sismos são trabalhadores que morreram durante a sua jornada laboral. Estes trabalhadores morreram debaixo do peso dos telhados industriais de recentes construções, o que vem demonstrar que a lógica perversa do lucro descura a segurança e a vida das pessoas.
      Os trabalhadores foram obrigados a ir trabalhar, assim sendo enviados para a morte, sob a ameaça de perderem o seu trabalho. A prioridade foi a retoma da produção, sem salvaguardar a vida da “mercadoria trabalhadora”. O Estado pretendia demonstrar como tudo estava disposto para a segurança e tranquilidade da população mas tudo veio abaixo em alguns segundos, aumentando a tragédia à tragédia já existente.
      Atualmente assistimos a cenários já vistos em semelhantes situações: a militarização  do território, a desarticulação e deportação dos núcleos familiares completos, das suas casas, das suas terras, os mass media, como abutres, comem e vomitam a dor do povo como forma de aumentar as audiências, entrevistando a tudo o que se intitule especialista na matéria, profissional ou político, sempre prontos a sobre tudo opinar, enquanto o tema vender.
      Numa campanha apoiada pelos mass media, a população podia contribuir com 2 euros por cada SMS enviado mas no dia 2 de junho, o governo celebrou a República com uma marcha militar com um custo de 3 milhões de euros. Enquanto o povo pedia casa e trabalho a resposta foi uma marcha militar de milhões de euros.
      Só com a solidariedade e o apoio mútuo podemos reivindicar a prioridade da defesa da vida humana contra a lógica do lucro.
      Só com a autogestão nos lugares de trabalho e no território, poderemos realizar uma prevenção efetiva que a lógica mercantilista descura.
      Contra a caridade estatal e a caridade oportunista dos políticos, locais e nacionais, a secção da USI-AIT oferece-se, dentro das suas possibilidades, para ajudar a população de acordo com os seus próprios interesses e sua própria vontade, autogestionando-se.
      Nos próximos dias a USI-AIT vai recolher e armazenar na secção de Modena, água engarrafada, medicamentos e material de primeiros socorros, sabão, papel higiénico, massa, arroz, comida enlatada, leite em pó, pratos, talheres e copos de plástico.
      Mais info em: http://www.usi-ait.org/
       USI-AIT - Segreteria Nazionale, Via Torricelli 19 – 20136 – Milano

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Alambique #4


      Após 2 anos de ausência, acaba de sair um novo número da revista anarquista Alambique, é o número 4, desde o Alentejo português.
      Neste número aborda-se o tema do “Alentejo Cigano” e trocam-se ideias à volta das margens anarquistas do Sado rebelde em Setúbal, assim como se volta a questionar o programa do progresso e do desenvolvimento traçado para o Alentejo (e não só), sem esquecer a memória histórica de insurreições que hoje tardam, etc.
      Trata-se do retomar da publicação Alambique, que surgiu em 2007 no âmbito do espaço e experiência que foi o Centro de Cultura Libertária de Aljustrel (2006-2009), e é editada pelo Coletivo Gonçalves Correia, a partir do Baixo Alentejo.
      A revista pode ser descarregada na seguinte ligação:
      A revista tem ligação permanente na coluna dos “Sítios a Visitar” sob a denominação de “Revista Alambique”.