sexta-feira, 31 de agosto de 2012

(Re)Encontro Internacional Anarquista


      Decorreu entre os dias 8 e 12 deste mês de agosto de 2012, conforme aqui já anunciado (no artigo de 11 de abril de 2012), o Reencontro Internacional do Anarquismo, na localidade Suiça de Saint-Imier.
      Feito o balanço daqueles cinco dias, pela organização Suiça O.S.L. (Organização Socialista Libertária), a seguir, se reproduz o texto publicado.
      «Após cinco dias de debates e de trocas para relembrar a nossa história, preparar os nossos combates futuros e converter os nossos esforços, reafirmamos o valor das posições e resoluções do congresso de Saint-Imier que funde o anarquismo social, permitindo futuros desenvolvimentos, e assegurando as bases de uma unidade de ação sincera entre todos os setores combativos e antiburocráticos da luta social.
      O congresso de Saint-Imier esteve aberto à diversidade e à pluralidade de pensamentos e práticas do movimento trabalhista antiburocrático e federalista, construindo o movimento libertário crescente.
      Foi recusado o partidarismo, hierarquizado, institucional e eleitoralista, defendido pelas correntes do socialismo autoritário. Foi combatida a conceção estatal de mudança que objetivou e objetiva hoje a conquista, a ocupação do Estado como forma de transformação social.
      O congresso de 1872 igualmente proclamou a sua vontade de combater todo tipo de organização hierarquizada, burocrática, constituída para exercer o comando e suscitar a delegação, a submissão e a obediência. Por isso, o congresso se opôs à federação das organizações trabalhadoras e das lutas, bem como a livre iniciativa, o projeto socialista de gestão direta e de mudança social; como propôs a maior parte das formas de organização de conceções não hierárquicas no movimento trabalhista, nas suas lutas e no projeto socialista libertário.
      Numerosas lutas, ações militantes e tentativas revolucionárias precederam e acompanharam o congresso internacional de 1872. O anarquismo tem lugar nessa história. Ele constitui hoje um movimento político que reagrupa experiências numerosas e aquisições comuns a um grande número de coletivos e organizações específicas, sindicais, de luta social e populares. O anarquismo traz a sua contribuição para a construção de um movimento coerente, capaz de uma intervenção eficaz e forte, que busca a coerência entre os meios e os fins a fim de mudar radicalmente a sociedade.
      Para nós, o anarquismo alimenta as lutas sociais e se alimenta destas mesmas lutas. Ele traz a sua contribuição ao movimento popular de auto-emancipação e de auto-organização. Cada resistência, cada luta, cada dissidência, cada alternativa remete à questão da liberdade e da igualdade. Cada combate social abre possibilidades que nos devem acompanhar à liberação social e política.
      A transformação social radical que reivindicamos e nos prepara para a nossa ação só pode resultar da vontade, da auto-determinação e compromisso consciente das classes populares, dos indivíduos, homens e mulheres que estão hoje dominados por este sistema injusto.
      Estamos numa verdadeira guerra social e económica, com diferentes intensidades, mas cada vez mais extensa, mais viva, mais brutal.
      Uma situação de insegurança social e de precariedade se generaliza, saqueia o bem comum, destruindo os serviços públicos, procurando instaurar o medo, a resignação e a submissão, impondo o capitalismo por toda parte. Esta política é conduzida tanto pelos capitalistas, quer pelos governos a seu soldo. Estes últimos tentam impor uma colonização total nas nossas condições de existência, mobilizando as nossas atividades ao serviço da reprodução do sistema.
      Paralelamente, existe um ressurgimento de antigas dominações: patriarcado, discriminação sexual e de género, xenofobia, racismo, servidão, exploração. Estas desigualdades renovadas servem para reforçar a valorização capitalista e garantir a reprodução geral do sistema.
      O anarquismo denuncia um só sistema de enquadramento e de dominação que obedece cada dia mais a uma lógica oligárquica. O anarquismo não subavalia de maneira nenhuma os espaços de liberdades individuais e civis, os serviços públicos e de bem comum e as políticas de redistribuição de riqueza, transferida para a solidariedade social, que permanece. Os anarquistas acreditam defender e alargar estas aquisições.
      Todos estes avanços foram conquistados no passado por lutas sociais. A esperança de mudar a sociedade graças à conquista do poder do Estado é largamente desqualificada. A conquista do poder institucional, a integração no poder estatal e a ação governamental, a participação nas eleições, não nos trazem nada de melhorias nas condições de vida comuns, dos direitos políticos e sociais. Pelo contrário, é recusando a delegação do Estado e a definição e o governo do bem comum que a população pode defender eficazmente os seus interesses e as suas aspirações. É agindo pelas mesmas, multiplicando e reforçando as suas organizações, tomando parte das riquezas sociais e dos meios de produção e de distribuição, impondo as suas necessidades, criando as suas próprias formas de organização e lutando sob o campo cultural que as classes populares podem se opor a barbárie do sistema, ganhar a sua emancipação e melhorar as suas condições de existência.
      Os partidos de esquerda já não constituem forças de progresso e de justiça social. Já não defendem as aquisições anteriores. Pelo contrário, eles precipitam a ruína e o desmantelamento das nossas conquistas sociais.
      A burocratização do movimento trabalhista e social, a política de delegação orientada à integração em instituições estatais, a recusa da luta e a imposição da paz social a todo preço, a submissão aos objetivos, as estratégias, aos valores capitalistas de globalização levam-nos a uma regressão social, política e ecológica de grande envergadura.
      Por isso, a eficácia da luta e da construção de alternativas concretas estão ligadas à ação direta popular, porque ela se apoia na convicção de que os grupos sociais devem se emancipar e agir sob uma base federalista e solidária.
      Nesta sociedade de classes, não existe nem consenso nem compromisso possível que satisfaçam o interesse comum. Reivindicamos claramente o não-senso com os poderes. A ação direta é encarregada da proposição plural da transformação social. Ela se inclina a uma pluralidade de formas organizacionais e de ações capazes de federar as resistências populares.
      Os anarquistas agem no seio dos movimentos de luta a fim de garantir a sua autonomia, de os federar numa perspectiva revolucionária e libertária, para construir o poder popular, a caminho de uma emancipação política, económica e social.
      O nosso projeto é o comunismo libertário. Reivindicamos a convergência das tradições e da experiência acumuladas nesse sentido: comunalismo livre, auto-governo municipal, autogestão, conselhos de trabalhadores e populares, sindicalismo de base, de combate e de gestão direta; livre acordo para a criação; a experimentação, a associação, o federalismo e as alternativas e atos. Isso significa a construção desde a base de um poder popular direto, não estatal.
      Queremos a rutura com o capitalismo. Lutamos pela autogestão numa sociedade futura fundada sob a liberdade e a igualdade. Este objetivo implica formas de organização diversas sob todos os domínios da vida social e económica. Uma tal orientação chama uma sociedade auto-instituida, um desenvolvimento social e económico escolhido livremente.
      A socialização das forças de produção e de troca, a autogestão social constituindo a forma principal. Um acesso igualitário aos recursos disponíveis e renováveis, e aos meios da sociedade vem apoiar as possibilidades de livre associação, de experimentação económica e de exploração da organização das condições de existência.
      A autogestão é fundada sob a livre organização dos trabalhadores, dos consumidores e são membros da sociedade após a abolição do Estado, num quadro de auto instituição politica, de democracia direta e de direito das minorias.
      O anarquismo social, o anarco-sindicalismo e o sindicalismo revolucionário, bem como o comunismo libertário defendem um projeto político fundado sob uma coerência entre fins e meios, entre ações quotidianas e lutas revolucionárias, entre movimento crescente de auto emancipação e transformação social radical.
      Desde 1872 o nosso movimento contribui com tantos outros homens e mulheres livres para abrir este caminho. O nosso compromisso hoje é o de seguir com esse projeto, levando-o à luta direta dos povos.
      Saint Imier, 12 de agosto de 2012.»
      Mais info em: http://www.anarchisme2012.ch/
      Ligação permanente na coluna dos Sítios a Visitar sob a designação de “Encontro Internacional Ago2012”.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Arte da Tauromaquia

      Há quem veja nas touradas arte, tradição e cultura.
      E tu que vês?






      “As corridas de touros foram uma atividade lúdica comum a vários países europeus durante a idade média. A maioria desses países aboliu este tipo de espectáculos sangrentos por volta do século XVI, por se tratarem de eventos cruéis e impróprios de nações civilizadas. Atualmente as touradas são proibidas em diversas nações europeias como a Dinamarca, Alemanha, Itália ou Inglaterra.
      Infelizmente, estas práticas mantiveram-se em Espanha, sendo daí exportadas para Portugal, onde foram alvo de várias restrições e até proibidas em 1836. Por constituírem uma importante fonte de receita para a Casa Pia de Lisboa e para as Misericórdias, as touradas foram novamente autorizadas apenas para fins benéficos, mas acabaram por se transformar num evento comercial lucrativo para um pequeno grupo de empresários tauromáquicos, nunca perdendo a ligação às suas verdadeiras origens, evidenciada nos trajes, nas lides, no vocabulário e até na música que se ouve nas praças.
      As corridas de touros constituem nos dias de hoje um espectáculo anacrónico, violento e um mau exemplo, em particular para as crianças e jovens, em relação à compaixão e respeito que todos devemos evidenciar pelos animais.
      Não é aceitável que a nossa sociedade em 2012 continue a aplaudir o derramamento de sangue e o desprezo pela vida evidenciado pelos “artistas” nas arenas, assim como não é admissível que no panorama atual, vários milhões de euros das nossas finanças públicas, sejam canalizados para a criação de animais para entretenimento, construção de praças de touros, aquisição de bilhetes para touradas, subsídios, etc.”
       Extrato retirado de: http://nunoanjospereira.wordpress.com/







quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Edward Carpenter

      Num dia como o de hoje (29 de agosto) do ano de 1844 nascia Edward Carpenter, poeta inglês, socialista libertário, antologista e um dos primeiros ativistas políticos homossexuais.
      Foi figura destacada no Reino Unido nos finais do século XIX. Poeta e escritor, foi amigo de Walt Whitman e Rabindranath Tagore, tendo-se correspondido com muitas personalidades famosas como Annie Besant, Isadora Duncan, Havelock Ellis, Roger Fry, Mahatma Gandhi, James Keir Hardie, J K Kinney, Jack London, George Merrill, Edmund Dene Morel, William Morris, Edward R. Pease, John Ruskin e Olive Schreiner.
      Como filósofo foi especialmente conhecido pela publicação de “Civilisation, its Cause and Cure” (Civilização, a sua Causa e Cura), em que defende que a civilização é uma forma de doença que as sociedades humanas atravessam. As civilizações, segundo Carpenter, raramente sobrevivem mais do que mil anos, antes de se desmoronarem, e nenhuma sociedade conseguiu ultrapassar com sucesso uma civilização. A "cura" é uma aproximação mais forte à terra e um maior desenvolvimento da nossa natureza interna.
      Embora Carpenter se tenha inspirado na sua experiência com o misticismo hindu, e se refira a um "socialismo mítico", o seu pensamento está alinhado com o de diversos escritores nos campos da psicologia e sociologia do princípio do século XX, como Boris Sidis, Sigmund Freud e Wilfred Trotter, que reconheciam que a sociedade coloca cada vez mais pressão nos indíviduos o que resulta em doenças mentais e físicas como neurose e neurastenia.
      Convicto defensor da liberdade sexual, Carpenter vivia numa comunidade homossexual perto de Sheffield e teve profunda influência sobre D. H. Lawrence e E. M. Forster.
      Progressivamente atraído por uma vida mais próxima da natureza. Carpenter foi viver para uma quinta em Bradway com o agricultor Albert Fearnehough e a sua família. Foi nessa altura que Carpenter começou a conceber as suas ideias políticas socialistas. Influenciado por John Ruskin, imaginou um futuro de comunismo primitivo, rejeitando rotundamente a revolução industrial da era vitoriana. Na sua comunidade utópica haveria "a ajuda mútua e a combinação de vontades tornar-se-ão espontâneas e instintivas".
      Carpenter escreveu, numa espécie de cabana de madeira da sua horta, os poemas que constituiriam o seu livro de poesia, “Towards Democracy” (A Caminho da Democracia), que foi fortemente influenciado pela espiritualidade oriental e pela leitura aprofundada dos poemas de Withman.
      Os últimos vinte anos da vida de Carpenter foram preenchidos por um radicalismo político constante, marcado pelo seu envolvimento persistente em temas progressistas, incluindo a proteção ambiental, os direitos dos animais, a liberdade sexual, movimento feminista e o vegetarianismo. Escreveu sobre o horror do sistema capitalista, contra a aristocracia rural e sobre a sua visão do socialismo – uma nova era da democracia, camaradagem, cooperação e liberdade sexual.
      Apoiou Fred Charles, do grupo de Anarquistas de Walsall, em 1892. No ano seguinte tornou-se membro fundador do “Independent Labour Party” (Partido Trabalhista Independente) em conjunto com, entre outros, George Bernard Shaw.
      Um verdadeiro radical da sua época, muito daquilo em que Carpenter acreditava foi rejeitado e mesmo ridicularizado pela Esquerda. Prosseguiu o seu trabalho no início do século XX, produzindo textos sobre a "Homogenic question" (questão homogénica). A publicação em 1902 da sua inovadora antologia de poesia, “Ioläus: An Anthology of Friendship” (Iolaus: uma Antologia da Amizade), foi um enorme sucesso subterrâneo, promovendo o avanço do conhecimento sobre a cultura homoerótica. Em Abril de 1914, Carpenter e o seu amigo Laurence Houseman fundaram a “British Society for the Study of Sex Psychology” (Sociedade Britânica para o Estudo da Psicologia Sexual). De entre os tópicos apresentados em conferências e publicações da Sociedade, destacam-se: a promoção do estudo científico do sexo; a promoção de uma atitude mais racional para com o estudo da conduta sexual e dos problemas e questões relacionados com a psicologia sexual, de um ponto de vista médico, jurídico e sociológico, com o controlo de natalidade, com o aborto, esterilização e doenças venéreas, e com todos os aspectos da prostituição.
      A curiosidade de Carpenter não se limitava ao que os seus detratores chamavam temas políticos menores, mas incluía importantes questões internacionais da época. O seu pacifismo de esquerda tornou-o num dos oponentes ruidosos da Segunda Guerra dos Bôeres e depois da Primeira Guerra Mundial. Em 1919, publicou “The Healing of Nations and the Hidden Sources of Their Strife” (A Cura das Nações e as Fontes Secretas dos seus Conflitos), onde argumentava apaixonadamente que a fonte da guerra e do descontentamento nas sociedades ocidentais era a existência de classes e a desigualdade social. Chamou a esta injustiça social "doença de classe", onde cada classe apenas atua no seu próprio interesse. Para Carpenter, uma reestruturação social e económica radical era indispensável para acabar com a fragmentação social. Nos seus anos finais comentou que:
      «Apenas posso antever uma saída para o lodaçal em que estamos atolados. O atual sistema comercial terá que desaparecer, e deveremos regressar aos sistemas mais simples de cooperação de épocas passadas. Estou convencido que teremos que regressar a essa condição, ou a outra similar, se queremos que a nossa sociedade sobreviva. Afirmo isto após uma longa e detalhada observação da vida nas suas diferentes fases. Foi isto que os mineiros, de forma subconsciente, já perceberam, pois retiveram nas suas mentes muito da primitiva mentalidade das eras pré-civilizacionais."
      Mais info em: http://www.edwardcarpenter.net/

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"I Have a Dream"

      Num dia como o de hoje (28 de agosto) mas de 1963 (há 49 anos), terminava em Washington (EUA) a grande marcha pela igualdade dos direitos cívicos, com cerca de 200 mil pessoas, onde Martin Luther King profere o seu famoso discurso intitulado: “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho).
      «A liberdade nunca é voluntariamente cedida pelo opressor; deve ser exigida pelo oprimido.»
      Martin Luther King (1929-1968)
      Foi um dos mais importantes e incontornáveis líderes mundiais do movimento dos direitos civis, especialmente dos negros nos Estados Unidos, com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. King era seguidor da ideia lançada por Gandhi da desobediência civil não violenta.
      Acertadamente previu que as manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos Estados Unidos, apesar de atacadas de modo violento pelas autoridades racistas, detinham uma ampla cobertura dos meios de comunicação de massas, o que permitia criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis e assim orientou a sua luta, acendendo o debate acerca dos direitos civis e tornando-o até o principal assunto político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.
      Organizou e liderou marchas pelo direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei geral dos EUA com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964) e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).
      O protesto não violento irritava as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos e, invariavelmente, tais autoridades, retaliavam sempre de forma violenta.
      Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou no seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis.
      Dezoito anos depois da sua morte, em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King (sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King). Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
      Luther King foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz, em 1964, pouco antes de seu assassinato.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sinal de Saúde Mental

      «Não é um sinal de boa saúde mental estar bem adaptado a uma sociedade doente.»
      Jiddu Krishnamurti (1895-1986)
      Filósofo, escritor e educador indiano. Entre os temas abordados incluem-se a revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global.
      Constantemente alertou para a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento e da prática correta da meditação do homem liberto de toda e qualquer forma de autoridade.

domingo, 26 de agosto de 2012

F.O.R.A.

       Num dia como o de hoje (26 de agosto) do ano de 1905, em Buenos Aires (Argentina) ocorria o quinto congresso da F.O.R.A. (Federación Obrera Regional Argentina), num difícil clima de repressão governamental e policial contra a classe trabalhadora, com a declaração de estado de sítio, prisões, greves e manifestações duramente reprimidas.
      Este congresso aprovou e recomendou a todos os participantes que divulgassem os seus conhecimentos adquiridos, dos princípios económicos e filosóficos do comunismo anarquistas, e os ensinassem aos trabalhadores.
      A F.O.R.A. nasce cerca de 4 anos antes com a designação inicial de F.O.A. (Federación Obrera Argentina) com a participação de 50 delegados trabalhadores, socialistas e anarquistas, representando cerca de trinta associações de trabalhadores da capital argentina e do interior do país. No entanto, no congresso do ano seguinte as divergências de pontos de vista entre socialistas e anarquistas revelaram-se inconciliáveis separando-se, vindo então a corrente anarquista a constituir a F.O.R.A. no seu quinto congresso de 1905, num dia como o de hoje, mantendo a sua visão comunista-anarquista.
      A F.O.R.A. chegou a ter 250 mil membros. Em 1909 dá-se uma nova cisão de acordo com as duas distintas visões nascidas, passando a existir a FORA do 9º congresso (reformista) e a FORA do 5º Congresso (fiel ao ideal libertário).
      Abaixo podes ver uma imagem do 5º congresso e um carimbo da Federação.

sábado, 25 de agosto de 2012

F. Nietzsche

      Num dia como o de hoje (25 de agosto) do ano de 1900, isto é, há 112 anos, morria Friedrich Nietzsche, um dos maiores e controversos filósofos do século XIX.
      Crítico da cultura ocidental, das suas religiões e, consequentemente, da moral judaico-cristã, Nietzsche é, juntamente com Marx e Freud, um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna.
      Nietzsche considera o Cristianismo e o Budismo como "as duas religiões da decadência", embora afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo para Nietzsche "é cem vezes mais realista que o cristianismo".
      Até cerca de onze anos antes da sua morte, Nietzsche não cessa de escrever a um ritmo sempre crescente, terminando de forma abrupta em Janeiro de 1889 com uma “crise de loucura” com a qual passou, inicialmente, a considerar-se, alternativamente, figuras míticas: Dionísio e Cristo, expressando-se em bizarras cartas, afundando-se depois num silêncio quase total até à sua morte.
      Após a sua morte, a sua irmã Elizabeth falseou alguns escritos com o propósito de apoiar a causa anti-semita e o nacional socialismo (Nazismo) de Hitler, aproveitando-se este de alguns aspetos e interpretações para a sua ideologia e propaganda nazi, colagem esta que fez com que o cidadão comum viesse a considerar Nietzsche como mais um nazi, rejeitando os seus escritos sem sequer os ponderar. A irmã veio a ser bem tratada pelo regime fascista, morrendo confortavelmente.
      Friedrich Nietzsche quis ser o grande "desmascarador" de todos os preconceitos e ilusões do género humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceites; por trás das grandes e pequenas verdades melhor assentadas, por trás dos ideais que serviram de base para a civilização e nortearam o rumo dos acontecimentos históricos, designadamente, a moral tradicional, a religião e a política não são para ele nada mais que máscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar.
      Nietzsche golpeou violentamente essa moral que impede a revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pelo influxo dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência. Essa traição ao "mundo da vida" é a moral que reduz a uma ilusão a realidade humana e tende asceticamente a uma fictícia racionalidade pura.
      Com efeito, Nietzsche procurou arrancar e rasgar as mais idolatradas máscaras.
      A vida só se pode conservar e manter-se através de imbricações incessantes entre os seres vivos, através da luta entre vencidos que gostariam de sair vencedores e vencedores que podem a cada instante ser vencidos e por vezes já se consideram como tais. Neste sentido a vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência, vontade essa que não conhece pausas, e por isso está sempre criando novas máscaras para se esconder do apelo constante e sempre renovado da vida; pois, para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida humana. Porém as máscaras, segundo ele, tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam, mortificando-a à base de cicuta e, finalmente, ameaçam destruí-la.
      Não existe via média, segundo Nietzsche, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é mister arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.
      Na sua obra “O Anticristo” afirmava:
      «O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz, e transformou em um ideal a oposição aos instintos de conservação da vida saudável; e até corrompeu a faculdade daquelas naturezas intelectualmente poderosas, ensinando que os valores superiores do intelecto não passam de pecados, desvios 'tentações'. O mais lamentável exemplo: a concepção de Pascal, que julgava estar a sua razão corrompida pelo pecado original; estava corrompida sim, mas apenas pelo seu cristianismo!»

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Francisco Quintal

       Num dia como o de hoje (24 de agosto) mas do ano de 1898 (há114 anos), nascia no Funchal (ilha da Madeira, Portugal) Francisco Quintal.
      Quintal foi um importante militante e propagandista anarquista e anarco-sindicalista português.
      Filho de uma família burguesa, faz os seus estudos na escola náutica de Lisboa e descobre o anarquismo aos 15 anos, com os escritos de Jean Grave, começando a frequentar as “Juventudes Sindicalistas”.
      A partir de 1921 começa a colaborar com alguns grupos anarquistas, como “Novos Horizontes” ou “Grupo Anarquista Claridade”, vindo a representar a União Anarquista Portuguesa (UAP) no Congresso Anarquista de Alenquer em 18 de março de 1923.
      A U.A.P. lança em 1925 o seu órgão de imprensa, o jornal “O Anarquista”, que Francisco passa a coordenar.
      Em julho de 1927 é de novo delegado da U.A.P. ao congresso de Valencia (Espanha) onde se decide a criação da Federação Anarquista Ibérica.
      A polícia fascista acaba por o considerar o chefe dos anarquistas portugueses e prende-o e deporta-o para Angola, na altura uma colónia portuguesa, até 1929, regressando a Portugal onde milita clandestinamente na F.A.R.P. (Federação Anarquista da Região Portuguesa) e colabora ativamente com as publicações anarquistas da época, como: “O Argonauta”, “A Batalha”, “A Comuna” e outras e dedica-se ainda à tradução, de forma clandestina, de inúmeras obras anarquistas como "Les Syndicats et la Révolution Sociale" de Pierre Besnard.
      Durante os anos da ditadura mantém, juntamente com a militante Miquelina Sardinha, sua companheira, uma atividade política possível, mantendo a sua atividade de capitão da marinha mercante, que lhe proporcionou novos contactos com muitos companheiros de diversos países.
      Com a queda da ditadura (25 de Abril de 1974), funda em Almada, com outros anarquistas, como Adriano Botelho, o Centro de Cultura Libertária e edita o jornal “Voz Anarquista”.
      Veio a falecer de um enfarte, em Lisboa, a 4 de fevereiro de 1987.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sacco e Vanzetti

      Num dia como o de hoje (23 de agosto) do ano de 1927, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, anarquistas italo-americanos, são executados, pouco depois da meia-noite, na cadeira elétrica da prisão de Charleston (estado de Massachusetts, EUA).
      Abaixo está o título do jornal da I.W.W., publicado 10 dias antes, no qual se anunciava a execução. A novidade desta execução reside no facto de que pela primeira vez este ato (pena de morte) gerou uma grande mobilização de reprovação internacional sem precedentes, até com inúmeros atos de cólera e violência contra o governo americano que, no entanto, não impediu a execução.
      Em 1977, 50 anos após a execução, o estado de Massachusetts considerou que a pena de morte pela acusação de homicídio não devia ter sido aplicada, reabilitando os nomes dos executados.
      Abaixo está ainda a reprodução de um selo de correio da Micronésia em homenagem a Sacco e a Vanzetti.
     

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cartier-Bresson e a Ética Subjacente

      Num dia como o de hoje mas do ano de 1908 (há 104 anos), nascia em França Henri Cartier-Bresson, um dos maiores fotógrafos do século XX e também um grande anarquista que não cessava de referir a grande admiração que nutria por Bakunine.
      Para além de fotógrafo iniciou-se no cinema, tendo sido assistente do realizador Jean Renoir, tendo vindo a realizar um documentário, durante a Revolução Espanhola (em 1937) sobre os hospitais republicanos que intitulou “Victoire de la Vie” (Vitória da Vida).
      Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, Bresson serviu o exército francês e durante a invasão alemã, Bresson foi capturado e levado para um campo de prisioneiros de guerra. Tentou por duas vezes escapar e somente na terceira obteve sucesso. Juntou-se à Resistência Francesa em sua guerrilha pela liberdade. Quando se restabeleceu a paz, Cartier-Bresson, em 1947, fundou a famosa agência fotográfica “Magnum” juntamente com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour "Chim".
      Revistas como a Life, Vogue e Harper's Bazaar contrataram-no para viajar pelo Mundo e registrar imagens únicas. Da Europa aos Estados Unidos da América, da Índia à China, Bresson dava sempre o seu ponto de vista especialíssimo. Tornou-se também o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registar a vida na União Soviética de maneira livre. Fotografou os últimos dias de Gandhi e os eunucos imperiais chineses, logo após a Revolução Cultural.
      Em 1974, abandona as reportagens fotográficas e dedica-se ao desenho.
      No primeiro de maio de 2000, participa numa exposição de fotografia com o tema "Vers un autre futur, un regard libertaire" (Sobre um Outro Futuro, Um Olhar Libertário), assim se aliando às manifestações da CNT francesa.
      Cartier-Bresson viria a morrer também em Agosto, no ano de 2004, aos 96 anos.
      Dizia: "L'anarchie c'est une éthique avant tout. Une éthique d'homme libre.” (O Anarquismo é uma ética subjacente a tudo. Uma ética de Homem livre)
      Em baixo está uma fotografia de Bresson realizada em 1975 na prisão modelo de Leesbury (EUA).

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Caçada em África

      A empresa mineira “Lonmin” (https://www.lonmin.com/), com sede em Londres e exploração em Marikana (a cerca de 100 Km de Joanesburgo), na África do Sul, anunciou hoje que, afinal, não vai despedir os trabalhadores em greve, apesar de os ter ameaçado que se hoje não votassem ao trabalho perderiam o emprego.
      Cerca de 30% dos trabalhadores voltaram ao trabalho enquanto os restantes, reunidos no exterior das instalações mineiras, decidiam continuar a greve, pelo menos por mais uma semana, também de luto pelos 34 mineiros mortos pela polícia, insistindo, no entanto, que preferem morrer a voltar à escravatura da mina.
      Há quatro dias atrás, e após uma semana de greve, a polícia disparou indiscriminadamente sobre os manifestantes tendo morto 34 e ferido 78 mineiros. A polícia referiu que o fez como autodefesa, uma vez que os grevistas para eles se dirigiam com a intenção de os atacar.
      Um mineiro afirmava a um jornal sul-africano: «Já morreram pessoas, por isso não temos mais nada a perder… Vamos continuar a lutar por aquilo que acreditamos ser uma luta legítima por ordenados que permitam viver. Preferimos morrer como os nossos companheiros a desistir. A única coisa que pode acabar com esta greve é uma resposta positiva da administração. Ainda me pergunto por que é que a administração se recusa a negociar connosco.»
      Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho e um aumento de salário para o triplo do que ganham actualmente: cerca de 300 euros.
      Antes da morte dos 34 mineiros já tinham morrido 10 pessoas em confrontos entre dois sindicatos e entre os trabalhadores e a polícia.
      O chefe da polícia sul-africana, Riah Phiyega, disse que os polícias que dispararam sobre os grevistas não devem arrepender-se do que aconteceu: «A segurança pública não é negociável. Não lamentem o que aconteceu.»
      O massacre foi já amplamente classificado como o pior derramamento de sangue em confrontos entre polícia e trabalhadores desde o fim do apartheid, em 1994.
      O presidente do país (Jacob Zuma) decretou uma semana de luto e criou uma comissão interministerial para lidar com a crise, reiterando que é necessário um inquérito judicial e afirmando que: «Temos de evitar apontar o dedo e recriminar. Temos de nos unir contra a violência.»




segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Angiolillo

      Num dia como o de hoje, do ano de 1897 (há 115 anos), foi executado com o garrote o anarquista italiano Michele Angiolillo Lombardi, com 26 anos de idade (1871-1897), na prisão de Vergara (Guipúzcoa) (Pais Basco) (Espanha).
      A sua condenação à morte foi motivada pelo atentado que cometeu contra o presidente do conselho espanhol (António Cánovas del Castillo).
      Angiolillo era adepto da propaganda pelos atos, tendo escrito diversos artigos que, considerados subversivos, lhe valeram condenação a 18 meses de prisão pela publicação.
      Depois de Itália, viveu em Marselha, Barcelona, Bruxelas, Lisboa, Paris e Madrid.
      A sua execução ocorreu 12 dias após o atentado. Angiolillo foi até à estação balnear de Santa Agueda, no País Basco, onde, com quatro tiros de revólver, mata o político reacionário presidente do conselho espanhol, responsável pela tortura e pela execução de anarquistas em maio desse ano em Montjuich (Barcelona), bem como contra a guerra colonial que a Espanha mantinha nessa altura em Cuba. Uma vez concretizado o atentado deixou-se prender.

domingo, 19 de agosto de 2012

A Solidariedade

      Num dia como o de hoje (19 de agosto), do ano de 1888, saia à luz em Sevilha (Espanha) o jornal “La Solidaridad”.
      Este quinzenário sairá durante 59 números até 1889.
      No número de 12 de janeiro de 1889 é publicado o artigo de Mella “La Anarquia no admite adjetivos” (O Anarquismo não admite/necessita adjetivos).

sábado, 18 de agosto de 2012

Apartheid

      Num dia como o de hoje mas do ano de 1964 (há 48 anos), o Comité Olímpico Internacional bania a África do Sul dos Jogos Olímpicos, por não renunciar ao regime de segregação racial conhecido por “apartheid”.
      O regime de segregação racial determinava, por lei, que os brancos detinham o poder total e os demais cidadãos não brancos deveriam viver separados dos brancos com regras próprias que lhes impunham, não lhes permitindo qualquer direito de cidadania.
      A segregação ia ao pormenor de distinguir os transportes públicos, havendo transportes próprios para brancos e outros, piores, para negros, com as suas respetivas e distintas paragens. Segregava-se tudo: lojas, praias, piscinas, bibliotecas, até os bancos nos jardins tinham indicações de “só para brancos” ou “só para europeus” e “para não europeus”.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Federação Ibérica da Juventude Libertária

      Num dia como o de hoje (17 de agosto) do ano de 1963 (há 49 anos), em Madrid, eram executados, pelo garrote, dois jovens ativistas das Juventudes Libertárias (F.I.J.L.): Joaquín Delgado Martinez e Francisco Granado Gata.
      Presos e torturados depois do atentado do dia 29 de julho desse mesmo ano, isto é, 19 dias antes, foram julgados no dia 13 de agosto por um conselho de guerra que os condenou à morte, sem provas, considerando-os culpados do atentado que de facto não cometeram ainda que com ele pudessem concordar.
      O atentado consistiu na explosão de duas bombas contra a sede da Direção Geral de Segurança que causou cerca de vinte feridos ligeiros, por ter deflagrado prematuramente. Este acontecimento veio justificar todas as ações seguintes levadas a cabo pela polícia espanhol detendo todos os antifranquistas (Franco, o general ditador).
      Em baixo podes ver um fragmento de um folheto em que se apela à juventude para que esteja preparada e ingresse nas Juventudes Libertárias, bem como as fotos dos companheiros executados.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Coragem Companheiros

      Num dia como o de hoje (16 de agosto) do ano de 1894 (há 118 anos), pelas 04H55 da manhã, em frente à cadeia de Saint-Paul, ocorria a execução pela guilhotina do jovem anarquista Sante Geronimo Caserio, aos 22 anos de idade (1873-1894).
      Caserio foi um anarquista italiano que se celebrizou por ter apunhalado e morto o presidente francês, com um único golpe.
      Caserio mandou fazer um punhal de propósito para o ato, com cabo em cobre e listras intercaladas de veludo negro e vermelho.
      Em junho, após um banquete, dirigindo-se o presidente francês, em carruagem aberta, a um baile de gala, Caserio saltou para a carruagem e, de um só golpe, apunhalou o presidente, cravando o punhal entre o pescoço e o peito.
      No julgamento, Caserio veio a ser condenado à pena de morte, por guilhotina, tendo recebido o veredicto com um grito de “Viva a Revolução”.
      As suas últimas palavras no tribunal foram:
      «Se os governantes podem usar contra nós espingardas, correntes e prisões, nós devemos – nós os anarquistas, para defendermos nossas vidas – devemos ater-nos às nossas premissas? Não. Pelo contrário, a nossa resposta aos governantes será a dinamite, a bomba, o estilete, o punhal. Em uma palavra, temos que fazer tudo o possível para destruir a burguesia e o governo.»
      No cadafalso, segundos antes de morrer, Caserio gritou à multidão que assistia:
      «Coraggio compagni e viva l’Anarchia.» (Coragem Companheiros e viva a Anarquia [o Anarquismo]).
      A memória de Caserio, bem como do seu corajoso maior ato não foi apagada com a sua execução, tendo sido sempre recordado ao longo dos anos seguintes. Um ano depois, assinalando a data da sua execução, em Itália, uma bomba explodia no consulado de França e em 1896 surgiria até uma revista publicada em castelhano, em Buenos Aires, intitulada “Caserio”.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Anonymous" é Marca Registada

      Uma empresa francesa registou como marca o nome “Anonymous”, o logótipo e um dos “slogans” dos ativistas: “We are Anonymous, we are legion, we do not forgive, we do not forget, expect us.” (Somos Anonymous, somos muitos, não perdoamos nem esquecemos, contem connosco).
      A pequena empresa francesa chama-se “Early Flicker” e o registo remonta já a fevereiro deste ano, no registo de patentes francês. A empresa usa o registo para vender “T-shirts”.
      O gerente da empresa divulgou uma nota no sítio da Internet esclarecendo que não pretende fazer dinheiro com os símbolos e que só vende dois ou três artigos por dia.
      Um internauta denominado “Anonymous francophone” colocou um vídeo intitulado “Anonymous não está à venda”, e promete represálias contra o gerente da empresa caso não deixe abandone o registo.
      Entretanto, a página da “Early Flicker” na Web http://www.eflicker.fr passou a estar indisponível, o mesmo sucedendo com a loja da empresa no sítio de leilões “eBay”.
      Anonymous” (Anónimos) denomina um coletivo de ativistas, sem uma estrutura organizada, que atua essencialmente “online”, maioritariamente em causas relacionadas com a liberdade de expressão. O coletivo nasceu nos Estados Unidos como um grupo de contestação à Igreja da Cientologia, mas entretanto alastrou a outros países e a outros assuntos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Kelly Condenada a Prisão


      Kelly Pflug-Back (de 23 anos de idade) foi julgada por participar nos distúrbios contra o G-20 de 26 de junho de 2010 em Toronto (Canadá).
      Kelly foi detida durante as posteriores operações repressivas e acusada, num primeiro momento, de conspiração e assalto a um polícia e ficou, desde então, num regime de estrito arresto domiciliário, além de proibições e severas restrições de se relacionar com o resto dos implicados no mesmo caso, entre eles o seu companheiro sentimental.
      Por fim, Kelly foi acusada de 7 crimes por danos materiais, destruição de 3 carros da polícia e ataques contra estabelecimentos como a McDonalds, Adidas, American Apparel, Urban Outfitters e CIBC, para além de “por uso propositado de disfarce contra a polícia”.
      Durante o julgamento, Kelly reconheceu a culpabilidade das acusações contra ela formuladas e não demonstrou, perante elas, qualquer desculpa ou arrependimento, permanecendo indiferente ao julgamento e sentença.
      De acordo com a versão da polícia, Kelly dirigiu os ataques do "Black Bloc" evitando os ataques a pequenos comerciantes.
      O juiz, na sentença, com ânimo de outorgar dramatismo à mesma, afirma que os clientes e o pessoal que trabalhava nos estabelecimentos ficaram traumatizados e vincou ainda o facto de Kelly não ter demonstrado qualquer arrependimento.
      O julgamento terminou no passado dia 19 de julho e Kelly foi condenada a 15 meses de prisão efetiva, seguidos de 3 anos de liberdade vigiada. Esta é uma das sentenças mais graves no Canadá no que se refere a distúrbios de rua. Os demais processados do “Black Bloc” foram condenados a penas não privativas da liberdade.
      Kelly sempre reivindicou os atos, justificando o uso da cara tapada da seguinte forma:
      «Creio que cobrir-se a cara durante um protesto é uma forma de transmitir uma uniformidade e o anonimato; a minha identidade individual não tem importância, o que interessa é a causa mais ampla.»
      Após a sentença declarou: «Desde a minha detenção tenho pensado sobre o assunto, de como o Estado pode dar uma sentença mais pesada por partir uns vidros que por assaltar alguém ou por fazer mal a um ser vivo. Isto demonstra bem que o sistema jurídico se baseia na preservação e proteção da propriedade privada dos ricos. Valora-se mais o dinheiro do que um ser vivo, isto é doentio.»
      Se quiseres podes escrever para Kelly, pelo correio, para o seguinte endereço:
Kelly Pflug-Back
Vanier Women Prision
P.O.Box 1040
655 Martin Street
Milton, Ontario
L9T 5E6 Canadá

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A Estátua de Proudhon

      Faz agora precisamente 102 anos (13-08-1910) que se inaugurava a estátua de bronze de Pierre-Joseph Proudhon, realizada pelo escultor Georges Laethier e erigida na sua localidade natal (Besançon, França).
      Por ironia da história, a inauguração da estátua coincidiu com umas festas presidenciais, pelo que se assistiu a uma guarda militar e a discursos de políticos, todos rendendo homenagem àquele que é considerado o pai do anarquismo.
      A estátua foi, no entanto, retirada pelos Nazis, durante a ocupação da França e fundida, tal como muitas outras, para a realização de armamento.
      Em baixo está um postal da época com retrato da inauguração.

domingo, 12 de agosto de 2012

Se não to derem pega nele

      «Pede trabalho, se não to derem, pede pão e se não to derem, pega nele!»
      Emma Goldman (1869-1940)
      Emma foi uma anarquista conhecida pelo seu grande ativismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam milhares de pessoas nos Estados Unidos. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte durante a primeira metade do século XX.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Despertar Anarquista


      No vídeo abaixo está resumida toda a história do anarquismo, desde a Grécia Antiga até aos nossos dias, no Mundo em geral e na América Latina em particular, terminando com a biografia e pensamento de Daniel Barret (que também usava o pseudónimo de Rafael Spósito), sociólogo, jornalista, professor universitário e distinto militante anarquista uruguaio (1952-2009), cujo artigo “El mapa del despertar anarquista latinoamericano” serve de ponto de partida para este documentário.
      Daniel Barret dizia: «O anarquismo é minoritário, no entanto, tal facto nunca foi para nós motivo de impedimento. Os anarquistas sabemos aproximadamente o que queremos e quais os caminhos que nos podem levar nessa direção. Não temos a certeza quanto a um hipotético triunfo final, se é que existe um final, e isso nos paralisa? Evidentemente que não. Porquê? Porque a própria prática libertária é um objetivo em si mesma e o próprio facto de traçarmos um caminho próprio constitui uma meta e uma vitória.»