segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Ano do Coelho

      Os chineses entraram na semana passada no Ano do Coelho e, para eles, este ano será um ano calmo. Esta calma é a calma que o governo chinês pretende impor no país, principalmente porque sabem do crescente mal-estar generalizado relativamente à má governação e à corrupção que não pára de aumentar, a par de protestos diversos como os que alertam e são a favor de melhores condições laborais ou ambientais.

      Nestes dias de convulsões no mundo árabe, os noticiários nada ou pouco têm referido ao povo chinês. Pela Internet também não chega qualquer informação, por exemplo o Twitter está bloqueado na china desde 2009 e, na emana passada, quando se fazia uma pesquisa por “Egito”, era devolvido o seguinte resultado: “Segundo as leis em vigor, o resultado da sua pesquisa não pode ser comunicado”.
      O governo chinês, através do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, viria a público afirmar que “A Internet na China está aberta”.
      Xiao Quiang que monitoriza a Internet chinesa na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), afirma que “Eles estão nervosos. Estão a apertar mais do que é habitual para garantir que apenas está lá a versão da Xinhua”. A Xinhua é a agência noticiosa estatal e, neste momento, os órgãos informativos estão obrigados a reproduzir apenas as notícias divulgadas por esta entidade.
      O único jornal a abordar o assunto da Tunísia e do Egito parece ter sido o “Global Times”, ligado ao governo e ao Partido Comunista Chinês, num editorial que assim fazia referência aos acontecimentos: “As revoluções coloridas não trarão o tipo de democracia que o ocidente pretende. A democracia ainda está longe para a Tunísia e Egito. O sucesso da democracia assenta na economia, educação e questões sociais. É preciso tempo e esforço para aplicar a democracia a diferentes países e fazê-lo sem os distúrbios de uma revolução”.
      No Ano do Coelho, ano calmo, não pode, portanto, haver, para já, revoluções.


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