Decorreu ontem um ato de protesto
e solidariedade para com os familiares de Zulmira, a angolana morta num ato racista
no passado dia 22 de maio, por ser negra e imigrante.
O ato decorreu em São Paulo (Brasil) debaixo de chuva permanente que,
ainda assim, não impediu a presença de muitas pessoas que relembraram ainda
muitos outros casos de violência e assassinatos de imigrantes, de entre eles,
também o recente caso de Francisca Villanueva, boliviana assassinada há poucos
dias.
Estiveram presentes no ato diversos grupos do movimento negro,
movimentos sociais e de imigrantes, bem como integrantes do Coletivo Anarcopunk
Diversidade.
Zulmira foi assassinada a tiros por dois homens após estes terem sido
expulsos do bar onde estavam, na região do Brás, por ofender um grupo de
estudantes angolanos com dizeres como “macacos”. Os dois racistas voltaram
cerca de 20 minutos depois disparando contra o grupo.
Zulmira de Souza Borges, de 27 anos, foi baleada na testa e não resistiu
aos ferimentos. Além dela, Celina Bento Mendonça, de 34 anos, grávida de 8
meses, Gaspar Armando Mateus, 27 anos, e Renovaldo Manuel Capenda, de 32 anos,
foram atingidos.
Celina (grávida) foi atingida na região do abdómen.
Ser negro no Brasil muitas vezes significa estar submetido a viver
conforme os piores indicadores de qualidade de vida, ganhar cerca de 54% menos,
frequentar as escolas públicas de pior qualidade e ser obrigado a abandoná-las
antes, trabalhar mais horas durante os dias e mais dias durante a vida. Significa,
principalmente, morrer mais cedo. A expetativa média de vida de um homem negro
no Brasil é seis anos menor que a de um homem branco.
O racismo é real e quotidiano, expressa-se de muitas formas e está
presente nas relações de trabalho, nas ruas e estabelecimentos, nas práticas
policiais, estatais, institucionais…
É necessária uma luta diária contra o
racismo ou qualquer forma de discriminação; rejeitando, desde a pequena anedota
racista a qualquer outro tipo de comentário ou ato.
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