terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Experiência de Limba

      Os habitantes da vila de Limba, na Roménia, não são anarquistas mas não estão à espera de nada do Governo do seu país, pelo que se ocupam pessoalmente da sua localidade.

      Tudo começou em 2007 quando o campanário da igreja, de 70 anos, estava a ponto de ruir. Os cidadãos fizeram então uma lista do material necessário: madeiras, chapas, pregos, etc. e organizaram uma coleta para pagar aos artesãos contratados. Ajudaram ainda a preparar as refeições aos trabalhadores e repararam o campanário.
      Depois disso, os cidadãos aperceberam-se que precisavam de um caminho mais curto até às terras cultiváveis. O caminho acabava de frente a uma ravina sem ponte, o que os obrigava a dar uma volta de três quilómetros para chegar aos campos de cultivo. Mais uma vez as pessoas se reuniram num domingo e decidiram construir a ponte de que careciam.
      Já este ano de 2011, os residentes mobilizaram-se para ajudar uma mulher da localidade que estava entre a vida e a morte. Ela tinha problemas cardíacos e não dispunha de dinheiro para pagar a operação necessária para sua sobrevivência. O povo reuniu 2500 euros numa semana, o suficiente para resolver a situação e permitir a operação que se realizou em abril.
      Nas férias escolares deste Verão, uma vez mais as pessoas se organizaram para proporcionarem a 11 crianças de famílias pobres uma colónia de férias durante uma semana.
      Estes são alguns exemplos da forma como essa pequena comunidade da Transilvânia (centro da Roménia) está a resolver os seus concretos problemas, das suas 157 famílias, situadas a alguns quilómetros da cidade de Alba Lulia.
      Os residentes criaram uma associação em que o seu nome se inspira no nome dos nascidos na vila, "Limbenii" e nesta associação estabeleceram alguns princípios básicos: uma reunião geral, os projetos para o ano seguinte, a eleição de um presidente e de quatro conselheiros. Uma das regras fundamentais estipula que ninguém deve fazer política.
      A atual equipa fixou como objetivos para 2011 a realização de trabalho em grupo de manutenção do sistema de esgotos, limpeza do cemitério e a construção de uma estrada.
      Da mesma forma os cidadãos definirão um projeto de desenvolvimento para sua região. Uma prioridade, já que a grande maioria dos habitantes da cidade ainda é jovem e os salários das empresas estabelecidas na cidade mais próxima, Alba Lulia, são mais altos que os dos trabalhadores de Limba, logo, mais atrativos e que poderá levar à migração das pessoas.
      Prevê-se que a cidade se venha a apoiar no turismo para construir o seu futuro e nesse sentido pensaram instalar em cada terreno duas casas. A casa da frente, virada para a rua será para os convidados turistas e a casa de trás, virada para o jardim, será a dos residentes. A casa da frente poderá adquirir o estatuto de pensão. Desta forma todos os moradores terão o seu próprio negócio de alojamento.
      Como curiosidade note-se que na localidade não existe qualquer café, taberna ou similar. Os habitantes dizem não necessitarem desse tipo de estabelecimento, preferindo encontrarem-se uns aos outros de acordo com as ocasiões ou simplesmente para dizer bom dia. Nos diversos encontros festivos da localidade todos participam com comida e bebida para os próprios e para os músicos, todos se responsabilizando pelas necessidades e despesas.


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