quarta-feira, 11 de julho de 2012

Guerra, Guerra!

      Cerca de 200 mineiros, de capacete na cabeça e lanternas acesas, chegaram a Madrid, após dois meses de greve, 19 dias de caminhada em que percorreram mais de 400 Km, formando a “marcha negra” sobre a capital espanhola.
      Em frente à sede do Governo espanhol, gritaram: "Se isto não se resolve, guerra, guerra!"
      A marcha era composta por dois grupos de mineiros, uma coluna vinda do Norte (das Astúrias e León) e outra vinda do Sul (de Aragão).
      Se fecharem as minas não teremos mais nada”, disse Francisco Martim, mineiro de 35 anos.
      Devemos fazer o Governo tomar consciência de que as localidades mineiras devem sobreviver”, disse António Risco, de 52 anos, 22 deles passados no fundo da mina.
      Os mineiros saíram à rua para protestar contra o corte, por parte do Governo, do financiamento à indústria do carvão, que já este ano rondará os 63%, de 301 milhões de euros para 111 milhões de euros, mas para além deste corte, e por decisão de Bruxelas, o apoio ao setor mineiro deve terminar em 2018, o que, segundo vários sindicatos espanhóis, irá pôr em causa cerca de 30 mil empregos, direta ou indiretamente.
      Jorge Garcia, de 42 anos, acabados de fazer na estrada, está há 17 anos numa mina em Laciana, León e, em entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”, criticou os cortes ao setor mineiro, dizendo: “O trabalho é duro, mas é a única opção que temos nos sítios onde vivemos. Se fecharem as minas vão desaparecer muitas povoações”. Também contesta quem diz que os mineiros usufruem de vários privilégios: “Ganhar 1000 a 1300 euros por mês por um trabalho de nove horas em condições duríssimas é um privilégio? E a reforma aos 45 anos tem uma justificação, o corpo não aguenta mais”.
      À chegada a Madrid os mineiros obtiveram o apoio e a junção de milhares de pessoas e, bem assim, da polícia que causou, com a sua intervenção, 73 feridos, destes sendo 40 manifestantes e 33 polícias.

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