sábado, 29 de outubro de 2011

Rádio Libertaire

      Este fim de semana, a “Rádio Libertaire”, com sede em Paris, celebra o seu 30º aniversário de fundação.

      A celebração contará com uma jornada-festa anarquista no espaço Olympe de Gouges.
      Três décadas de esperanças libertárias, autogestão, federalismo, criatividade e liberdade de expressão; de voz poderosa e rebelde; divulgando lutas, pensamentos e música de todos os cantos e estilos, exceto música militar e música religiosa.
      Mesmo não estando em Paris, poderás ouvir todo o evento e mesmo participar nos debates sobre anarquismo e lutas sociais, sintonizando a rádio na Internet (segue a ligação permanente na coluna dos “Sítios a Visitar”).
      A “Rádio Libertaire” foi criada em 1981, durante um Congresso da Federação Anarquista (FA) francófona, que decidiu criar uma rádio livre em Paris. Antes da primeira transmissão em setembro de 1981, os anarquistas já tinham participado noutras experiências radiofónicas por toda a França, numa época em que o Estado tinha o monopólio das emissões. Anteriormente houve um movimento onde centenas de rádios piratas transmitiam para contestar este monopólio. Com a liberalização da radiodifusão, muitas rádios foram criadas, entre elas a Rádio Libertaire.
      «No início não tínhamos um projeto muito elaborado. A ideia era dotar-se de um instrumento de comunicação. Afinamos o projeto já com a rádio em funcionamento. Transmitíamos apenas algumas horas por dia e alguns dias da semana. Devagar a equipa foi-se reforçando. A aparelhagem de som que dispúnhamos, por exemplo, não era melhor do que uma destas que temos em casa. Pouco a pouco as exigências aumentaram e melhoramos o conteúdo e a forma das emissões. A princípio as instalações da rádio ficavam num cave, hoje fica no primeiro andar de um prédio em Paris.
      Atualmente a rádio tem mais de 80 animadores e técnicos. A programação é ampla, abarcando programas sobre música diversa, como hip hop, soul, funk, música experimental, música francesa, música do mundo, etc., e diversos assuntos como cultura africana, imigração, literatura, América Latina, sexualidade, esperanto, anarco-culinária, anarquismo, sindicalismo, feminismo, etc.
      A rádio transmite agora todos os dias, estando 24 horas no ar. Todos os programas têm total autonomia de organização técnica e de conteúdo. Existem quatro postos chaves na rádio: o do programador, o da tesouraria, da técnica e de relações públicas. O papel do coordenador é dialogar com as equipas em caso de problemas e fazer o necessário para que novas iniciativas de emissão se concretizem.
      Na rádio não se paga a ninguém para trabalhar, todos são voluntários e o dinheiro advém da generosidade dos ouvintes e de um fundo que atribui um subsídio anual vindo das rádios comerciais, de uma pequena parte da receita publicitária dessas rádios.
      Devido à falta de dinheiro, não é possível medir a audiência mas há noção da audição por muita gente, pelas cartas e telefonemas que recebidos.
      A rádio só atinge a região de Paris, porque a permissão “pública” não autoriza a emissão para outros lugares. A potência da rádio é de 4K.
      Hoje a Rádio Libertaire está legalizada. Mas em 1983 fomos proibidos de ir para o ar, pois não tínhamos autorização. Foi uma luta de vários meses para poder voltar. Houve mesmo uma manifestação em Paris com mais de 5.000 pessoas.
      Mais info na ligação permanente à rádio na coluna dos Sítios a Visitar, com o seguinte endereço: http://rl.federation-anarchiste.org/

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