sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Feira do Livro Anarquista de Lisboa

      Decorreu no passado fim de semana (de 20 a 22 de maio), a 4ª edição da Feira do Livro Anarquista de Lisboa.

      A seguir fica o extrato do relato da companheira Emília Cerqueira, publicado na A-Infos.
      «Para além da divulgação das ideias anarquistas a partir dos livros e das publicações ali presentes, a feira cumpriu o objetivo de levar a debate ideias e análises sobre as questões “que assaltam a vida em tempos de guerra social”, tal como é referido no manifesto de apresentação da Feira.
      A noite de sexta-feira (20), com lua cheia à vista e com cheirinho de verão, convidou a ocupar a praça, e assim, ao redobrado prazer de rever os companheiros juntou-se o relato do mês de ocupação da “ES.COL.A” através de dois intervenientes, da desocupação violenta de que foram alvo e da luta que continua. Recorde-se que foi no dia 10 de maio, no Porto, a antiga escola do Alto da Fontinha, ocupada um mês antes, após cinco anos de desativação, foi violentamente desocupada e com sete ocupantes detidos. “ES.COL.A” trata-se de um projeto educativo para as crianças do bairro e estava a ser implementado. Tratava-se de uma iniciativa antiautoritária que incomodou o poder e esse seria, aliás, o único motivo que poderia levar a que um edifício abandonado e totalmente degradado durante tanto tempo, ao ser recuperado e posto ao serviço da comunidade fosse violentamente desocupado e emparedado.
      Neste momento luta-se. E foi essa forma de luta que levantou mais questões mas também a constatação de como durante um mês foi uma fonte de inspiração, um exemplo de autonomia e de luta.
      No sábado (21) foi abordado o tema do “Desenvolvimento” através dos seus efeitos nefastos, particularmente nas cidades. Um debate a continuar, já que as formas de travar esse desenvolvimento e de se passar ao ataque são várias.
      As recentes manifestações massivas de descontentamento nas ruas, na Espanha e em Portugal, convocadas por diversos movimentos sociais, foram alvo de atenção e motivo de discussões múltiplas no domingo (22). Refletiu-se sobre os caminhos que poderão levar a uma rutura com o Estado e com a economia, procurando os pontos de confluência entre eles.
      Foi dado destaque ao recrudescimento dos ataques da extrema-direita em toda a Europa, seja pela cobertura dada pela polícia, em muitos casos, seja devido à conjuntura económica, pois potencia o recrudescimento da xenofobia. Em particular, o caso da Grécia, tendo sido transmitido o apelo à solidariedade internacional feito por companheiros gregos em luta contra uma brutal repressão estatal e a perseguição dos imigrantes.
      Neonazis, juntamente com a polícia, têm vindo a atacar okupas do centro de Atenas, levando companheiros a uma situação em que é preciso defendê-los contra o perigo de perder a própria vida, contra a brutalidade policial e a barbárie fascista. Também o número de imigrantes assassinados tem vindo a aumentar. Neste ano e nos dias que se seguiram à greve geral de 11 de maio dezenas de imigrantes foram seriamente feridos e um imigrante foi morto no decurso dos linchamentos realizados em vários bairros da capital grega.
      A saborosa comida vegan, os momentos de poesia surrealista, a simpatia do coletivo que nos acolheu, os livros e revistas que nos animam ali tão perto, os exemplos de luta e de resistência, ficarão na memória de todos. As afinidades que resultam, a compreensão de outros pontos de vista, o reforço da auto-organização, a quebra do isolamento, a alegria de sermos mais e mais a cada ano que passa, a descoberta, a criatividade, a desmontagem do machismo ainda presente, constituem recordações já, motivos redobrados para se começar a pensar na próxima edição desta outra forma de luta Anarquista.»
      Mais info sobre a Feira de Lisboa no sítio que podes aceder através da ligação permanente que está aqui ao lado na coluna dos “Sítios a Visitar”.


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