quarta-feira, 18 de maio de 2011

E agora é a vez de Espanha

      Alguns milhares de jovens espanhóis, fartos da alta taxa de desemprego (5 milhões) e da falta de perspetivas de futuro, saíram à rua indignados, após combinação da ação nas redes sociais, ocupando por todo o país em diversas cidades os centros das mesmas, ao estilo egípcio que ocupando a praça central do Cairo fez cair o regime de Mubarak.
      A Espanha está em plena campanha eleitoral para as autonomias e os municípios, com eleições marcadas para o próximo dia 22 de maio.
      As concentrações consistem em acampamentos permanentes durante os quais os manifestantes se organizam em assembleias e comités com funções específicas como gerir as comunicações, a comida, a limpeza, as ações de protesto e até os assuntos legais; tal e qual como os manifestantes da Praça Tahir no Egito.
      Apesar da polícia ter inicialmente logrado a dissolução das concentrações, logo voltaram os manifestantes, ocupando as praças.
      A atmosfera é também festiva, com a multidão cantando canções, jogando a diversos jogos lúdicos e realizando debates permanentes sobre toda a complexidade da situação.
      Os manifestantes afirmam não se identificarem com nenhum partido político, estando cada vez mais auto-organizados.
      Reivindica-se a vida e um sistema político organizativo social que até pode ser democrático mas tem que ser muito mais justo.
      Numa das fotos que podes ver abaixo está escrito: “No soy anti-sistema, el sistema és anti-yo”, isto é: “Não sou anti-sistema, o sistema é que é anti-eu”. Esta frase define a consciência geral: o sistema instalado marginaliza-me; põe-me ao lado, não me permite viver condignamente.
      Por todo o lado se vêm outras mensagens, como por exemplo as que tapam a cúpula de acesso ao metro da praça da Porta do Sol, em Madrid:
      "Si no nos dejáis soñar, no os dejaremos dormir" (se não nos deixais sonhar, não vos deixaremos dormir),
      "Lo queremos todo y lo queremos ahora" (queremos tudo e queremos já),
      "Que los políticos se jubilen como los demás" (que os políticos se reformem, como toda a gente),
      "Los partidos y el Estado son el crimen organizado" (os partidos e o Estado são o crime organizado),
      "La calle es gratis" (a rua é grátis)
      Um porta-voz do coletivo “Democracia Real Ya” (Democracia a sério já) afirma que "En esta crisis, mientras algunos se han hecho ricos, la mayoría tiene menos ingresos" (nesta crise, enquanto alguns ficam ricos, outros têm menos rendimentos).
      Por outro lado, José Manuel Campa, secretário de Estado de Economia, veio a público fazer declarações fantásticas nas quais diz compreender as manifestações dos jovens, explicando que uma crise como esta não se soluciona de um dia para o outro: "Queremos transmitir a la gente joven que éste es un proceso de ajuste necesario y que su situación económica mejorará en 10, 20 y 30 años", ou seja, que os jovens esperem 10, 20 ou 30 anos para que possam viver melhor.

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