sábado, 23 de abril de 2011

Gás Lacrimogéneo

      Foi também para lutar contra o alto custo de vida nas Honduras que a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), convocou um dia de Greve Cívica Nacional, sob o lema “Desculpe o incómodo, estamos lutando para construir a Nova Pátria”.

      A ocupação de estradas, ruas e universidades aconteceram em diversas regiões do país e em todos os pontos houve repressão.
      São tantas as bombas de gás lacrimogéneo lançadas sobre os manifestantes que se criou um pequeno comércio de artefatos que minimizam os efeitos dos gases. Um pano molhado com vinagre custa 50 lempiras (cerca de 2 Euros) e um par de óculos de natação custam 40 lempiras.
      A imprensa anda equipada com máscara anti-gás e capacete, já que os jornalistas também são agredidos durante as manifestações. Um operador de câmara do canal local “Cholusat” teve o nariz quebrado após ser atingido por uma bomba. Muriel Rodríguez, do canal Globo, levou tiros de bala de borracha no pé. “Por sorte não me machuquei muito, mas isso é uma falta de respeito, um atentado à livre expressão” desabafou o jornalista.
      A mesma sorte não teve a estudante Lisa Aguilar que foi atacada com bombas dentro do edifício do Colégio de Professores de Educação Média de Honduras. A estudante explica que a polícia perseguiu os manifestantes após os protestos, gaseificando o prédio onde eles se refugiaram. “Começaram a bombardear o edifício. Havia cerca de 200 pessoas e criou-se automaticamente uma câmara de gás lá dentro. Não tínhamos oxigénio suficiente para respirar. Quando deixaram de atirar as bombas, saímos ao pátio para respirar melhor. Nem sequer tinham saído umas 30 pessoas, começaram a bombardear de novo. Dessa vez, as bombas eram atiradas diretamente no corpo das pessoas. No meu caso, acertaram-me com duas bombas, uma na perna outra no braço. Ao inalar o conteúdo tive uma crise de asma e desmaiei. Quando acordei estava no hospital”, relatou Aguilar, que exibia duas marcas roxas onde foi atingida pelas bombas.
      Carlos Leyes, da ONG de direitos humanos “Comissão de Verdade”, denuncia que a polícia está usando as bombas em quantidades absurdas. “Só em uma ocasião, na mobilização de estudantes na Universidade Autónoma de Honduras, a força repressiva usou mais de 200 bombas de gás lacrimogéneo. Os danos de imediato e a longo prazo podem ser terríveis para as pessoas que receberam os gases, inclusive para a polícia e o exército”.


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