sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Hiroshima 65 Anos

      Num dia assim, como o de hoje, mas do ano de 1945 (há 65 anos), pelas 8 horas da manhã, os E.U.A. lançam a primeira bomba atómica sobre a cidade japonesa de Hiroshima.

      No Memorial da Paz dezenas de milhares de pessoas cumpriram hoje um minuto de silêncio, apenas quebrado pelo som do pêndulo de um sino de bronze. Depois, seguiu-se a tradicional oferta de água e flores em memória das centenas de milhares de mortos.
      Um dos nomes mais recordados foi o hibakusha (literalmente vítima e sobrevivente da bomba) Tsutomu Yamaguchi, o único japonês que sobreviveu às explosões de Hiroshima, onde se encontrava em negócios, e de Nagasaki, a cidade onde então habitava. Yamaguchi morreu em 4 de janeiro de 2010, com quase 94 anos.
      Hiroshima continuou a ser habitada, foi reconstruída e floresceu. Ao contrário da região em torno de Chernobil, na ex-república soviética da Ucrânia, onde se registou em 1986 o pior acidente da história da energia nuclear. Dois fenómenos distintos, e com consequências diversas.
      A bomba de urânio despejada pelo bombardeiro B-29 Enola Gay matou no imediato entre 60 a 80 mil pessoas. Muitos dos feridos acabaram por não resistir nos meses e anos seguintes, sobretudo devido aos efeitos das radiações. O balanço oficial mais recente das autoridades de Hiroshima aponta para 242.437 mortos, numa cidade então com 350 mil habitantes. Após o 6 de agosto de 1945, o mundo mudou de vez.
      O inferno de Hiroshima e de Nagasaki, o segundo ataque nuclear registado três dias depois com uma bomba de plutónio e que levou à rendição formal do Império japonês em 15 de agosto de 1945, continuam a suscitar acesa polémica.
      Para os defensores do ataque, foi a única forma de evitar o prolongamento de uma guerra que estava a provocar pesadas baixas nas forças norte-americanas.
      O Japão já tinha começado a sugerir iniciativas de paz, sobretudo após a conquista da ilha japonesa de Okinawa pelos “marines”. Mas o recém-empossado Presidente Harry Truman, insistiu no ataque e depois definiu Hiroshima como “a melhor coisa da história”. Para outros, tratou-se da concretização de uma experiência num gigante laboratório humano, e um aviso às ambições expansionistas da União Soviética na Ásia.
      Durante a Guerra Fria a corrida aos armamentos nucleares intensificou-se e as forças norte-americanas, entre outras, continuam a utilizar munições de urânio empobrecido nas suas operações militares.
      Hiroshima alberga hoje o Museu Memorial da Paz, construído na zona de impacto. Simbolicamente, uma esperança para o fim da existência de todas as armas nucleares.

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