sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

100 Anos de CGT

      A seguir está o manifesto publicado pela CGT Internacional (Espanha) por ocasião do centenário da sua criação (1910) que ocorre este ano.












      «Faz agora 100 anos, que a coragem e a rebeldia de um punhado de mulheres e de homens fizeram com que o Mundo começasse a mudar a sua mentalidade. Conscientes de que a emancipação dos trabalhadores somente se poderia realizar pela acção directa dos mesmos, trabalhadores de todas as condições e ofícios decidiram organizar-se autonomamente como pessoas livres e assumir o destino de suas vidas em comunidade, à margem dos amos, governos e superstições.
      Assim nascia o movimento anarco-sindicalista sob as siglas históricas da Confederação Geral do Trabalho e da Confederação Nacional do Trabalho, inspirado nos princípios que dinamizaram a Primeira Internacional dos Trabalhadores, a expressão mais democrática, humanista e revolucionária da auto-determinação política e social que conheceram os tempos modernos.
      A experiencia demonstrou que as siglas e os seus ideais anti-autoritários foram os que promoveram as transformações sociais mais importantes e ambiciosas da História.
      Refutando a cultura de submissão que apregoavam, classes dirigentes, oligarquias e igreja, combatendo no terreno a intolerância da burguesia depredadora, predicando pelo exemplo de sua solidariedade e disputando, palmo a palmo, ao totalitarismo em armas as conquistas alcançadas com tanto sacrifício.
      Adiantados em relação ao seu tempo e pioneiros na denúncia de injustiças, foram os anarco-sindicalistas que arrancaram das garras do capital a jornada das oito horas laborais e com sua luta fraterna obtiveram a equiparação social das mulheres, levando o seu ideário de revolução plena, integral e libertária para todo o mundo, especialmente para a América Latina, convertida desde então em segundo lar desse heróico proletariado militante.
      Foi também a resistência libertária que num primeiro e crítico momento, bruscamente travou a investida criminosa das tropas mercenárias nazi-fascistas chamadas pela ditadura franquista para submeter o povo espanhol e castigar a sua insolência revolucionária. Ainda hoje, a Revolução Espanhola de 1936-1939 causa assombro no mundo e é universal na valorização daquela epopeia popular com significado histórico.
      Apesar de aqui, no próprio cenário da contenda desigual, o revanchismo e a desmemória, cúmplices, continuem a escamotear o legado ético daquelas gentes que levavam um mundo novo nos seus corações.
      Por isso, hoje, ao cumprir-se o centenário daquele fulgor que ainda ilumina a senda de liberdade e solidariedade, desautorizados já definitivamente os funestos modos autocráticos e estaticista de poder que se revelaram submissos companheiros de viagem da dominação e da exploração, nós anarco-sindicatistas, nos voltamos a auto-convocar para denunciar as novas e insuspeitadas ameaças que estão colocando em risco a existência deste planeta e a convivência com dignidade e afirmamos nossa fé na humanidade trabalhadora e na derrota final da barbárie capitalista e seus representantes.
      Ao despontar o século XXI, convencidos de que a pátria dos oprimidos é o Mundo e que a sua família é a humanidade, nós, homens e mulheres, jovens e anciãos, nativos e forasteiros, mestiços, assumimos a insubmissão a paz e a palavra para chamar a romper as recentes e invisíveis cadeias da servidão voluntária.
      Quando tudo nas cúpulas conspira para afogar os gritos contra a injustiça estabelecida, anarco-sindicalistas, sindicalistas revolucionários, anarquistas, libertários, anti-capitalistas e anti-autoritários, como depositários da autêntica democracia de acção directa, afirmamos que nós somos o povo e sua rebeldia infinita e reconhecemos a imensa dívida contraída para com as gerações que nos antecederam na luta pela liberdade, a justiça e a dignidade.
      Porque o propósito da anarquia que nos guia representa a mais alta expressão da ordem.
      Porque, quando o povo todo governa, como pretende o ideal da verdadeira democracia, ninguém manda, tal como o anarquismo procura alcançar.
      Saúde e Liberdade!»
      Artigo original em: http://www.cgt.org.es/spip.php?article1589


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