Estreou no passado fim de semana o
musical “Beautiful Radiant Things”, que trata sobre a anarquista Emma Goldman.
A peça centra-se no 50º aniversário de Emma, quando ela se encontrava detida
numa cadeia do Missouri.
Marty Durlin, autora do musical, refere:
«A grande tarefa de colocar a vida e
filosofia de Emma Goldman na música. O nome de Emma Goldman foi outrora sinónimo
de anarquia, amor livre e violência. Nas primeiras décadas do século XX, ela
fez discursos para multidões de mais de 25 mil pessoas com títulos como
“Monogamia ou variedade, o quê?”. E num dos seus discursos, supostamente,
inspirou o assassinato do Presidente William McKinley. Quer melhor assunto para
um musical?»
A ação decorre num período de dois anos
em que Emma esteve presa por se opor ao recrutamento para a Primeira Guerra
Mundial. A autora do musical admite que a maior parte das pessoas vê o teatro
musical como algo leve e descontraído, o que faz com que a opção por escrever
um musical sobre Goldman se torne algo estranho. E diz ainda: “As pessoas têm
escrito musicais sobre tudo neste momento. Não é tão estranho quanto parece,
mas foi um pouco estranho. Nós pensamos em musicais como sendo algo como South
Pacific ou My Fair Lady ou algum tipo de clássico, mas realmente, qualquer
coisa funciona.»
Durlin, tem escrito musicais e peças
desde os anos 70 e escreveu o livro, a música e as letras para este musical. Trata-se
ainda de uma produção teatral comunitária com um elenco todo de mulheres, com a
diretora da KVNF (uma estação de rádio comunitária no oeste do Colorado), Sally
Kane, no papel de Goldman.
Goldman é uma figura polarizadora na
história americana. Deixou a Rússia e foi viver para os Estados Unidos ainda
adolescente, aí se envolvendo no movimento anarquista, em Nova Iorque. Para
alguns, ela foi uma heroína, para outros, uma vilã perigosa. Ela foi uma
anarquista, é claro, mas ela foi algo de anarquista dentro do próprio
movimento. Há um escrito de Goldman numa de suas memórias sobre ser advertida
por se divertir numa festa, tendo dito que: “Eu não acredito que uma Causa que
se baseia num belo ideal, em anarquismo, por libertação e liberdade das
convenções e preconceitos, deva exigir a negação da vida e alegria”, escreveu
Goldman, “Insisto que a nossa Causa não poderia esperar que eu me tornasse uma
freira e que o movimento não pode se tornar num claustro. Se significar isso,
eu não o quero”.
Este sentimento foi depois parafraseado
em algo como “Se não posso dançar, não quero ser parte da tua revolução”. Este
sentimento foi a primeira exposição de Durlin para Goldman, e após pesquisá-la
de forma mais completa, admirou a coragem e ousadia que permitiu que ela
fizesse tal afirmação.
“Ela foi incrivelmente corajosa em toda a
sua vida, e realmente iria pisar onde outros temem ir”, diz Durlin. “E ela
dizia coisas que não estavam sendo ditas publicamente”. “A sociedade realmente
não a compreendeu. Ela falava sobre os direitos dos trabalhadores, amor livre e
contraceção, e isto está realmente vindo à tona novamente. É Incrível. Alguém
da época disse que ela estava uns 8 mil anos à frente de seu tempo”.
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