domingo, 15 de abril de 2012

As Escolhas Difíceis

      «Adotámos sub-repticiamente um vocabulário “ético” enganador para reforçar os nossos argumentos económicos, concedendo-nos uma aurazinha de satisfação pessoal a partir de cálculos grosseiramente utilitários.
      Ao impor cortes na segurança social dos pobres, por exemplo, os legisladores, tanto no Reino Unido como nos EUA, sentiram um orgulho singular pelas “escolhas difíceis” que haviam tido de fazer.
      Os pobres votam em número muito menor do que todos os outros. Não há por isso grande risco político em penalizá-los: qual é a “dificuldade” dessas escolhas?
      Hoje em dia ficamos orgulhosos ao ser suficientemente duros para infligir dor nos outros. Se ainda vigorasse um costume mais antigo, pelo qual ser duro consistia em suportar a dor, e não em impô-la, talvez devêssemos pensar duas vezes antes de preferir com tanta insensibilidade a eficiência à compaixão.»
      Tony Judt
      (Londres, 02-01-1948 - Nova Iorque, 06-08-2010)
      Historiador, escritor e professor universitário britânico, tendo nos últimos anos lecionado na Universidade de Nova Iorque, na cadeira de Estudos Europeus. Em 2006 foi finalista do Prémio Pulitzer com o livro "Pós-Guerra", uma análise na Europa de meados da década de 1940 até os primeiros anos do novo milénio.
      Em março de 2008, foi-lhe diagnosticado esclerose lateral amiotrófica. Em outubro de 2009, em consequência das complicações de sua doença, perdeu os movimentos do pescoço para baixo. Veio a falecer em menos de um ano.
      Entre outras, as suas principais obras são:
      - Um Tratado Sobre Os Nossos Atuais Descontentamentos
      - Reflexões sobre um Século Esquecido: 1901-2000
      - Passado Imperfeito
      - Pós-Guerra, Uma História da Europa desde 1945

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