quinta-feira, 14 de julho de 2011

Buenaventura Durruti

      Num dia como o de hoje mas do ano de 1896 (há 115 anos), nascia em León (Espanha) o notável anarcossindicalista e miliciano antifascista Buenaventura Durruti (1896-1936).

      Anarquista, sindicalista, revolucionário e figura de destaque do movimento libertário espanhol, antes e durante a Guerra Civil Espanhola. Morreu com um tiro quando se dirigia para a frente de batalha.
      Participou da greve geral revolucionária de 1917 como militante da UGT, da qual seria expulso por defender posições revolucionárias. Mudou-se em 1920 para Barcelona, onde se filiou à CNT. Em 1922 formou, junto com Joan García Oliver, Francisco Ascaso e Ricardo Sanz, o grupo "Los Solidarios", levando a cabo um assalto ao Banco da Espanha de Gijón em 1923. Foram autores também do assassinato do cardeal Juan Soldevila y Romero, um dos principais financiadores em Aragão dos comandos de pistoleiros brancos da classe patronal, que assassinavam militantes operários destacados.
      Teve que fugir de Espanha, primeiro em 1923 para a França, depois em 1924 para a América Latina. Primeiramente foi para Cuba, depois para o México e para a Argentina. Esteve também no Chile, lugar onde junto com outros companheiros anarquistas realizou o seu primeiro assalto fora da Europa. Esta ação foi parte de uma campanha para juntar recursos para libertar companheiros que se encontravam em algumas cadeias da Espanha. Continuou na sua fuga por outros países latinoamericanos e europeus. No Uruguai continuou envolvido em ações revolucionárias, junto a grupos que executavam agentes da repressão, assaltavam bancos e, com esse dinheiro, financiavam sindicatos e meios de propaganda libertária. Em Montevidéu organizaram uma fuga coletiva da prisão de Punta Carretas, que ficou famosa.
      De volta a França, em 1925, junto com Francisco Ascaso e Gregorio Jover, planeou o rapto do rei Afonso XIII que na ocasião estava em visita a Paris. Mas a ação não chegaria a se concretizar e os três acabariam presos pelo aparato repressivo francês.
      Em diversas partes da Europa é organizada uma grande campanha de solidariedade a favor dos três anarquistas, contando com o apoio de diversos setores progressistas e intelectuais entre estes Louis Lecoin. A campanha alcança êxito e os três anarquistas são finalmente libertados em 1927.
      Após sair da prisão Durruti encontra-se com o anarquista ucraniano exilado em Paris, Nestor Makhno. Pouco tempo depois é expulso da França para a Bélgica de onde é novamente expulso para a França. Sem encontrar país de exílio, a União Soviética oferece-lhe asilo político, mas com a condição de reconhecimento do estado soviético e garantia de se abster de qualquer atividade no país. Durruti e Ascaso decidem não aceitar as condições, partindo para a Alemanha, de onde voltam, em 1929, à Bélgica.
      Em 1931 regressa a Espanha, integrando-se no setor faísta (membro da FAI) da CNT – beligerante com a II República – e tomou parte nas insurreições de Figols 1932 e 1933. Como consequência destas, foi deportado pelo governo republicano, como preso preventivo junto a outros anarcosindicalistas na Guiné Equatorial e nas Canárias, no barco mercante “Buenos Aires”.
      Durante todo o período republicano participou ativamente em greves, motins e conferências por todo o território espanhol, passando numerosas vezes pela prisão.
      Em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas, Durruti é morto com um tiro a 20 de novembro de 1936, quando se dirigia à frente de batalha. É difícil acreditar que uma bala inimiga tenha sido disparada do Hospital Clínico, ao lado do qual ele passava, pois era uma bala de curto alcance. Alguns acreditaram que os seus rivais comunistas o mataram; outros, que foram os próprios anarquistas, preocupados com as suas simpatias bolcheviques, ou até por discordarem da sua severa disciplina. Alguns argumentam ainda que se trataria de um acidente: a trava de segurança do naranjero ou submetralhadora leve de um companheiro prendeu-se na porta do carro e disparou uma bala.
      Buenaventura Durruti, o mais conhecido revolucionário anarquista do século XX, aquando da sua morte, deixou como seus bens uma mala velha com roupa pessoal e uma caderneta com uma dívida de 100 pesetas para com a CNT.
      O corpo de Durruti foi transportado pela Espanha até Barcelona para o seu funeral. Mais de 250 mil pessoas saíram às ruas para acompanhar o cortejo fúnebre durante a rota até ao cemitério de Montjuic. Esta foi a última demonstração pública anarquista de grande amplitude durante a sangrenta Guerra Civil Espanhola.
      São célebres e hoje sempre citadas muitas das suas expressões, como as duas que seguem:
      «Levamos um mundo novo em nossos corações: esse mundo está crescendo neste instante.»
      «Já se organizaram em coletivos? Não esperem mais. Ocupem as terras! Organizem-se de forma a que não haja chefes nem parasitas entre vocês. Se não o fizerem, é inútil que continuemos avançando. Precisamos criar um mundo novo, diferente do que estamos destruindo.»


Sem comentários:

Enviar um comentário