sábado, 11 de setembro de 2010

Despedimentos por SMS

      Uma fábrica de calçado (Pinhosil, em Arouca, Portugal) despediu os seus 18 trabalhadores, no final do mês de agosto, num fim de semana, com uma mensagem escrita para os telemóveis dos trabalhadores.

      Dizia assim a mensagem: «A partir de segunda-feira a empresa vai fechar. Vão receber a carta para o desemprego».
      A mensagem não estava assinada nem provinha de um telefone conhecido.
      A fábrica tinha dois patrões, ambos ex-operários, e os trabalhadores dizem que eram mal tratados, que os patrões faziam o que queriam com eles e já não pagavam os ordenados desde Julho mantendo-se ainda em dívida os subsídios de Natal e de férias.
      Deonilde Soares já trabalhava há oito anos para os mesmos patrões, primeiro na anterior empresa “Pinho Oliveira” e agora na “Pinhosil”, e diz, com revolta: «Quando recebi a mensagem fiquei em estado de choque. Não estava a contar com aquilo porque sempre tivemos trabalho, dávamos horas a mais e entregávamos as encomendas a tempo».
      Paula Moreira, embora mais serena, não aguenta as lágrimas e diz: «Fiquei desesperada. Não sei o que vai ser da minha vida, porque tenho três filhos e o meu marido também está sem ganhar há muito tempo». Mas o que mais chocou esta trabalhadora foi a “insensibilidade” dos proprietários da fábrica ao optarem por uma mensagem escrita e explica: «Eram meus colegas antes de serem meus patrões e nunca esperei isto deles. Fiquei muito desiludida e muito triste. Não sei como vai ser quando passar por eles na rua».
      Deonilde, à porta da fábrica, numa concentração de protesto com as demais trabalhadoras acrescenta: «O patrão passou aqui de carro, não parou e nem olhou para nós. Fez como se não fôssemos ninguém».


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