A seguir está, quase na íntegra, o artigo recentemente publicado no sítio da “ADITAL, Notícias da América Latina e Caribe”, relacionado com a Moeda Social e os Bancos Comunitários.
«A crescente atividade da Economia Popular Solidária (EPS) tem conquistado cada vez mais a simpatia dos trabalhadores, sobretudo os de pequenos empreendimentos e, para fortalecer os negócios e investir na produção, é necessário que tenham acesso ao crédito e ao financiamento dos seus empreendimentos.
Como esses empreendimentos não dispõem de muitas garantias para oferecer quando solicitam financiamento, ficam, muitas vezes, sem poder investir nos seus negócios.
Para suprir essa necessidade surgiram os bancos comunitários, voltados para a prática da Economia Popular Solidária e ao fortalecimento da economia das comunidades.
De acordo com Joaquim Melo, fundador do Banco Palmas, pioneiro no estado do Ceará (Brasil) e referência nacional, em todo o estado cearense existem 28 bancos comunitários, cada um com a sua moeda social, devendo a estatística aumentar este ano, já que o Governo do Estado está investindo na criação de mais 10 bancos comunitários, usando recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza.
O Instituto Palmas, que implanta sistemas económicos alternativos, está analisando as cidades onde devem ser abertos esses novos bancos. O requisito é a carência de serviços financeiros.
"A meta é criar um banco comunitário em cada município cearense. A perspectiva é a de crescimento", explica Joaquim, que também é coordenador do Instituto. O Instituto Palmas faz a gestão do conhecimento e a difusão das práticas de Economia Solidária.
Joaquim afirma que metade da população cearense, principalmente dos distritos e cidades pequenas, não tem acesso aos serviços como conta corrente, conta poupança, crédito, e até, local para fazer o pagamento das contas. "Por isso, esses bancos vão surgindo, pelo desejo e necessidade das comunidades".
O coordenador explica que os interessados procuram o Instituto Palmas para obter as orientações de abertura do empreendimento. O passo seguinte é a ida dos profissionais do Instituto até à cidade para realizar um curso de capacitação para os envolvidos, como trabalhadores, comerciantes e comunidade. Depois, é formado o Conselho Gestor que tem a função de monitorizar e deliberar as políticas do banco, como taxas de juros, aprovação de contas, entre outras.
Para abrir um banco comunitário, segundo Joaquim, é necessário, em média, cerca de 50 mil Reais, valor que é dividido entre capital de giro, formação e criação da moeda social, além de outras necessidades.
Só no Ceará são cerca de 3.500 famílias que já foram beneficiadas com esses bancos. "São famílias pobres, que ganham menos de um salário mínimo", diz Joaquim.
Todos os bancos comunitários do estado integram a Rede Cearense de Bancos Comunitários. Essa rede, por sua vez, faz parte da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, que atua para articular todos os Bancos Comunitários do Brasil. Todos os bancos sociais têm obrigação de prestar contas das suas atividades, anualmente, no Encontro Nacional da Rede de Bancos Comunitários.
No Ceará, Joaquim destaca a atuação do Banco Paju, localizado em Maracanaú, cuja moeda é o maracanã; do Banco Ocards, que fica em Ocara, e tem a moeda Tupi, e do Banco Serra Azul, que fica em Ibaretama e tem a moeda Ibaré.
"O banco comunitário estimula a produção da economia solidária e do consumo consciente", explica, referindo-se aos valores dessa nova economia baseada na autogestão, solidariedade, comércio justo e preservação ambiental.»
Podes aceder ao sítio da “Adital Notícias” na coluna dos Sítios a Visitar.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
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