Num dia como o de hoje mas do ano de 1890 (há 120 anos) Giovanni Rossi (1856-1943) partia do porto de Génova (Itália) para o Brasil, junto com um grupo de anarquistas, com o propósito de fundar na América uma colónia experimental anarquista que chamou de “La Cecília”.
A Colónia Cecília foi fundada nesse mesmo ano de 1890, no município de Palmeira, no estado do Paraná, pelo grupo de libertários, seguindo as ideias e premissas anarquistas anteriormente delineadas por Giovanni Rossi.
O primeiro obstáculo enfrentado pelo núcleo anarquista foi o modo de organizar o trabalho. Aos artesãos, foram designadas tarefas semelhantes às que já realizavam. Mas quanto aos lavradores, Giovanni Rossi já pressentira que encontrariam dificuldades em razão da diferença entre o solo brasileiro e o italiano.
Ao concluírem a construção das habitações coletivas e individuais e dividirem racionalmente o trabalho entre os 150 colonos, depararam-se com um facto real: o milho, que era ideal para aquela região, não nasce do dia para a noite. Com o dinheiro que trouxeram conseguiram subsistir, comprar mantimentos, instrumentos para a lavoura e sementes. Contudo, viram-se obrigados a procurar outras atividades para delas tirar seu sustento até que pudessem viver tão-somente de sua lavoura. Alguns ocupavam-se da plantação enquanto outros trabalhavam em obras do governo.
Os colonos plantaram mais de oitenta alqueires de terra, em área que lhes fora cedida pelo então imperador do Brasil Pedro II, pouco antes da proclamação da República, e construíram mais de dez quilómetros de estrada, numa época na qual inexistiam máquinas, tratores ou guindastes de transporte de terras.
Foram edificados o barracão coletivo, vinte barracões individuais, celeiros, a casa da escola, moinho de fubá, tanque de peixes, o pavilhão coletivo - que também abrigava o consultório médico - viveiro de mudas, poços, valas, pomar de peras, estábulos, além da grande lavoura de milho.
Nos quatro anos de existência da colónia, a sua população chegou a atingir cerca de 250 pessoas.
Realizaram-se duas relações do tipo poligâmico. O próprio Rossi se propôs como exemplo concreto do novo estilo de vida, compartindo com outro homem a sua ligação amorosa com uma mulher da colónia.
A experiência da Colónia Cecília terminou por vários motivos. O principal foi a pobreza material, chegando mesmo a condições de miséria. Em segundo lugar, a hostilidade da vizinha comunidade polaca, fortemente católica. O próprio clero e as autoridades locais promoveram o ostracismo dos anarquistas. Enfim, havia as doenças, ligadas à desnutrição, à falta de condições de saneamento adequadas e os problemas internos ligados às dificuldades de adaptação ao estilo de convivência anarquista, particularmente no tocante ao amor livre, que, embora teoricamente fosse aprovado por todos, na prática, despertava temores.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
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